Jessie Yasmin Duarte: SG
Jessie Yasmin Duarte, antiga Embaixadora da África do Sul em Moçambique, acaba de ser nomeada para exercer as funções de Secretária-Geral do governante Congresso
Nacional Africano (ANC), em substituição de Elias Sekgobelo “Ace” Magashule, suspenso do cargo na passada quinta-feira (06Maio2021), sob acusações de corrupção.
A decisão foi anunciada esta terça-feira (11Maio2021) pelo próprio presidente do ANC e da República da África do Sul Matamela Cyril Ramaphosa.
Na semana passada, Elias Magashule, um veterano activista anti-apartheid, apelidado de “Ace”, de 61 anos, tornou-se o primeiro alto funcionário do partido a ser temporariamente afastado na esteira da nova política anti-corrupção do ANC, gesto considerado por alguns analistas como sendo uma vitória para Cyril Ramaphosa, antigo empresário, activista e ex-líder sindical de 68 anos de idade, que prometeu erradicar a corrupção.
No final de Março, Ace Magashule recebeu um ultimato de 30 dias para renunciar após ser acusado de apropriação indébita de fundos públicos enquanto servia como Primeiro-Ministro do Estado Livre (antigo Orange Free State), uma das nove províncias da África do Sul.
Recusando-se a renunciar, Magashule, brilhante pugilista e que na juventude chegou a ser um exímio meio-campista no futebol de 11 (envergava a camisola número 8, proeza que lhe vale a alcunha de “Ace”), acabou forçando o partido a suspendê-lo, animando uma confrontação verbal interna entre as principais sensibilidades activas no seio do ANC.
Entretanto, no final de uma reunião de três dias do ANC, Cyril Ramaphosa anunciou que Jessie Duarte, a então Vice-Secretária-Geral desde 2012 e que nasceu no dia 19 de Setembro de 1953, “irá, de acordo com a constituição do ANC, desempenhar as funções atribuídas ao secretário-geral”.
Magashule, membro fundador do Congresso de Estudantes da África do Sul (COSAS) em 1979 e que em tempos fez vibrar plateias a partir dos palcos de teatros como um excelente executante, tentou, sem sucesso, participar na reunião on-line, apesar da sua suspensão.
Contudo, depois de ter saído o anuncio da suspensão ele disse que “não iria a lugar nenhum”. E, em vez de renunciar, escreveu uma carta a Cyril Ramaphosa a sugeri-lo para que “deixar temporariamente o cargo de presidente”, citando os seus poderes como Secretário-Geral do partido. Estes comentários foram considerados “totalmente inaceitáveis e uma violação flagrante” das regras do partido, que exigia um pedido público de desculpas ou enfrentaria novas medidas disciplinares.
Envolvido em escândalos de corrupção durante vários anos, o ANC está a tentar recuperar a sua virgindade aos olhos dos eleitores revoltados.
Actualmente em liberdade sob fiança, “Ace” deverá começar a ser julgado no dia 11 de Agosto próximo no Tribunal Supremo de Bloemfontein, cidade hoje também conhecida como Mangaung, “berço” do ANC e capital judicial da África do Sul. (Jessie Yasmin Duarte)
THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL