As críticas do CIP
Borges Nhamire, do Centro de Integridade Pública, foi quem deu a cara da instituição para desferir severas críticas aos resultados da visita do Presidente Filipe Nyusi aos EUA.
“Continua a estar longe o restabelecimento das relações entre o FMI e Moçambique. E esse restabelecimento significaria o reembolso daquela segunda tranche do programa de financiamento acordado entre o Governo e o FMI que foi suspenso quando foram descobertas as dívidas ocultas.
E o principal problema é que o Governo moçambicano já sabe o que é necessário fazer para que esse programa seja restabelecido.
O primeiro passo é a realização de uma auditoria forense independente as dívidas. Esse passo, se é que o Governo está a dar, parece ser muito lento ou simplesmente não está a dar. Não estamos a ver o compromisso do Governo no sentido de marcar esse passo. No encontro que o Presidente teve não foi em nenhum momento referido que está a ser levado a cabo um trabalho de auditoria interna para esclarecer a questão da dívida e tirar o país do buraco onde se encontra (…) O CIP fez um estudo que avaliou o peso da corrupção nas receitas do Estado nos últimos dez anos e concluiu que, pelo menos, o correspondente a 30% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2014 tinham desaparecido, associados a corrupção, um valor de aproximadamente de 500 mil milhões de dólares.
Então, nós entendemos que o Governo deve olhar para a corrupção como um verdadeiro problema. Não se deve esconder que em Moçambique existe corrupção e dizer o que o Governo está a fazer para resolver este cancro.
Os investidores honestos não querem investir num contexto de corrupção. O FMI, que é o principal parceiro do Governo e com quem o Presidente Nyusi se reuniu nos Estados Unidos, já se referiu muitas vezes sobre a questão da corrupção. (…)
Por outro lado, há a questão das multinacionais que estão a explorar os hidrocarbonetos. O que se sabe, e é um facto, é que pelos programas de implementação dos projectos, estes estão altamente atrasados, já deviam ter sido tomadas as decisões finais de investimento, já deviam ter sido aprovados os planos de desenvolvimento dos projectos e isso não foi feito e nem se sabe em que pé está.
A nossa expectativa era de que também nesse encontro que o Presidente teve com os proprietários, dirigentes dessas empresas nos Estados Unidos da América, pelo menos no caso da Anadarko, devia ter uma informação concreta para dizer aos moçambicanos em que pé está a implementação do programa”
Fonte: DW África