Os jornalistas: seres especiais
Os jornalistas não são seres especiais, eles têm os mesmos direitos, as mesmas obrigações que todos os outros cidadãos, mas quando estão no exercício da sua profissão, deve se respeitar o facto de que estão a prestar um serviço público, a interferência com o qual representa uma interferência com os direitos fundamentais que assistem os cidadãos para os quais os jornalistas exercem a sua profissão.
Foi basicamente esta a reflexão expressa publicamente esta terça-feira pelo presidente do capítulo moçambicano do Media Institute of Southern Africa (MISA), Fernando Gonçalves, por ocasiao do Dia de Luta para o Fim da Impunidade dos Crimes Contra Jornalistas.
Fernando Gonçalves recorreu ao caso do jornalista Ibraimo Mbaruco, que desapareceu no dia 7 de Abril de 2020, na vila de Palma, província de Cabo Delgado, para referir que é “inconcebível que 19 meses depois do seu desaparecimento, as autoridades nacionais não tenham conseguido mostrar os passos que já deram para o seu esclarecimento”.
De acordo com dados da organização Repórteres Sem Fronteiras e do Comité para a Protecção de Jornalistas, entre 2006 e 2020, mais de 1 200 jornalistas foram mortos em todo o mundo, simplesmente por estarem a fazer o seu trabalho, que é de reportar sobre o que se passa à sua volta e de disponibilizar informação para o público.
A UNESCO calcula que em 90 porcento destes casos, os criminosos nunca foram processados judicialmente (Redactor N° 6188, págs. 1 e 2).
A província de Cabo Delgado, onde desapareceu o jornalista Mbaruco, é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.
Desde Julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde Agosto de 2020.
Redactor
Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 04 de Novembro de 2021.
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