Manuel de Araújo: democracia
Manuel de Araújo – O autarca de Quelimane Manuel de Araújo defende a democratização interna dos partidos políticos de Moçambique, para que não surjam conflitos que minem a paz no país.
“A primeira estratégia é democratizar os nossos partidos. Os nossos partidos não são democráticos, a democracia está da janela para fora. Nós ficamos à janela e gritamos ‘viva a democracia’, mas se formos lá dentro dos partidos não há democracia”, afirmou Araújo, falando esta quarta-feira na cidade da Beira.
“Já estive na Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique], no MDM e agora estou na RENAMO. Conheço aquilo a que chamamos de ‘nossos partidos’, portanto, falo com conhecimento de causa”, disse o autarca à margem da participação no V Congresso Internacional da Universidade Católica de Moçambique, na cidade da Beira.
Para Manuel de Araújo, “é altura de as forças vivas da sociedade se unirem”, porque “não se faz democracia com instituições fracas, com conflitos sucessivos”, mas sim encontrando-a “dentro dos partidos”.
“As nossas instituições são bastante fracas: o que temos são líderes que carregam as instituições” quando devia ser ao contrário, disse.
“Nós temos uma crise profunda dentro do partido Frelimo”, referiu, numa alusão ao julgamento do caso das dívidas ocultas, “e também vemos a fraqueza da nossa oposição”, tanto na Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) como no Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Segundo Manuel de Araújo, um dos poucos autarcas eleitos pela RENAMO, Moçambique atravessa um momento crucial da democracia multipartidária, a situação obriga a que haja uma estratégia para a salvar.
A estratégia deverá passar por dar voz a quem não a tem e direitos iguais nas tomadas de decisão dentro dos partidos.
O académico e político moçambicano disse que os partidos devem ter ligas da juventude e outras organizações autónomas, como acontece com o Congresso Nacional Africano (ANC) na África do Sul.
“Aí nós estaremos a plantar e a construir um alicerce fundamental, porque os partidos são os alicerces da sociedade. Se nós temos partidos não democráticos, não podemos construir uma sociedade democrática”, concluiu.
O futuro da juventude é um dos temas em foco no encontro de três dias na cidade da Beira sob o lema “Incentivando a produção científica para a promoção da paz, justiça social e desenvolvimento” da Universidade Católica de Moçambique.
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