Preços elevados estragam
Preços elevados – Os tempos mudaram. No passado, na minha aldeia, khisimuso ou Natal era festa de alegria e de convívio familiar.
Como criança pastor de bois e vacas ficava muito satisfeito com a chegada de Natal, porque no dia de khisimuso não ia ao campo pascentar gado bovino todo o dia com o meu irmão mais novo.
Tínhamos nova roupa. Calções e camisas. Na noite de 24 de Dezembro, os mais velhos matavam cabrito. Comíamos dobrada.
Tomávamos chá com pão. O jantar era de carne com arroz.
Ia a igreja com os meus pais e irmãos. Era uma verdadeira festa de família que só acontecia uma vez em cada 12 meses do ano.
Cantineiros eram muito carinhosos e reduziam preços de produtos para permitir que os seus clientes pobres comprassem o mínimo para passarem as festas.
Na África do Sul, ainda hoje muitas lojas oferecem saldos.
Entretanto, a corrida para a acumulação da riqueza adulterou o passado harmonioso da sociedade no período de khisimuso.
Vendedores gananciosos aproveitam o momento para aumentarem preços de produtos.
Em Moçambique, quase todos os anos são reportados casos de apodrecimento de produtos como batata e cebola nos mercados depois das festas, porque na véspera vendedores empolam preços para maximizarem lucros de forma exorbitante.
Consumidores não conseguem comprar produtos de primeira necessidade para as festas devido a elevados preços, sendo que depois vendedores são obrigados a fazer grandes abates.
Em períodos de quadra festiva natalícia a procura é maior e quase todos conseguem vender, mas gananciosos estragam o ambiente por exageradamente aumentarem preços de produtos.
No tempo da minha adolescência, sem dinheiro, apanhava castanha de caju e preparava-a para oferecer como boas festas a amigas por sinal minhas cunhadas na igreja.
Na agenda da missa do dia 25 de Dezembro havia espaço para troca de presentes entre familiares e amigos.
Com a livre circulação de dinheiro, gostaria de comprar presentes para familiares, amigos e colegas. Mas o meu bolso é pequeno demais para grandes preços praticados no mercado.
Cajueiros do meu pai já não produzem castanha como há 50 anos. Não sei como “boafestar” meus familiares e amigos tal como fazia no passado. A vontade não falta fazê-lo. Quem tiver bolso mais fundo estou aberto a receber presente de khisimuso – Natal.
O governo moçambicano revolucionário introduziu o nome de Dia da Família porque Natal tem conotação religiosa. Viva Natal ou Dia da Família. Abaixo especulação de preços de presentes de Natal.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi intitulado “Preços elevados estragam Natal”, foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 23 de Dezembro de 2021, na rubrica de opinião denominado O RANCOR DO POBRE
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