Desorganização da sociedade
Desorganização da sociedade – Alguns vão dizer que sou saudosista do passado do regime racista do apartheid na África do Sul, ou colonial português, em Moçambique, mas graças a Deus nessa altura eu ainda era criança e a viver na aldeia pobre onde nasci no interior de um país inexistente.
Hoje, com cerca de seis décadas de vida, tenho conversado intensamente com mais velhos que viveram nas cidades próximo das autoridades oficiais e instituições governamentais e do Estado na África do Sul e em Moçambique.
Muitos dizem que a Polícia mantinha lei e ordem nos centros urbanos, sendo que no interior, a responsabilidade estava com líderes locais iNdunas ou Régulos. Havia ordem.
Prevaricadores eram punidos exemplarmente em público.
Todavia, o fim do regime racista do apartheid na África do Sul em 1994 foi total liberdade para todos, sobretudo negros e indianos.
Em Moçambique, a independência proclamada em Junho de 1975 também libertou a todos, particularmente os negros.
Entretanto, por muitos a liberdade e a independência foram transformadas em libertinagem na África do Sul e em Moçambique.
Nos centros urbanos não há respeito. Agentes da Polícia perderam autoridade e não conseguem repor a lei e a ordem como no passado. Pessoas fazem o que lhes apetecem e a qualquer hora.
Vezes sem conta, agentes da Polícia aparecem envolvidos em actos de criminalidade que deviam combater.
A sociedade perdeu respeito. A desorganização está à solta.
Nas escolas onde se forma o homem do amanhã, alunos não respeitam professores. Alunas andam quase nuas para seduzirem professores, entregando sexo em troca de notas para passarem de classe mesmo sem saber a matéria ensinada.
O futuro da África do Sul e de Moçambique estão em risco.
A desorganização da sociedade afecta em cadeia sectores sensíveis de prestação de serviços públicos, como a Saúde.
Enquanto escrevia esta crónica recebi uma chamada de uma amiga a dizer que no Hospital Provincial de Maputo dois a três doentes de famílias diferentes partilhavam a mesma cama, ao mesmo tempo.
No mesmo dia, um canal privado de televisão reportou que médicos e técnicos de Saúde não integrados no sistema nacional estavam em greve por falta de pagamento de salários desde Janeiro de 2022. São profissionais que apoiaram o Hospital Central de Maputo no atendimento a doentes de COVID-19.
A Direcção da maior unidade sanitária de Moçambique evitou falar sobre a reclamação dos profissionais.
Há duas semanas, a morgue do Hospital registou avaria no sistema de frio. O cheiro a partir de dentro da morgue incomodava tudo e todos que vivem perto da unidade e os que passavam por perto. Ninguém mediu as consequências para saúde dos vivos.
No Soweto, arredores da cidade de Joanesburgo, o Hospital Chris Hani Baragwanath, o maior do Mundo, com 3.500 camas, enfrenta quase a mesma situação do Hospital Central de Maputo.
Entretanto, dirigentes políticos do ANC e da Frelimo fazem vista grossa e ouvidos de mercador e pintam tudo a cor de rosa como se vivessem noutro planeta. (Desorganização da sociedade)
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi intitulado “Desorganização da sociedade à solta”, foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 09 de Março de 2022, na rubrica de opinião denominado O RANCOR DO POBRE
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