Segurança continua frágil

Segurança – O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) diz que “a segurança continua frágil nalgumas partes do Norte de Moçambique”, um ano após o ataque a Palma, que paralisou o projecto de gás de Cabo Delgado.

Um ano depois do ataque com “dezenas de mortos e milhares de deslocados”, “a segurança continua frágil nalgumas partes do Norte de Moçambique – apesar de melhorias noutras áreas após a intervenção do Governo e forças aliadas internacionais desde julho de 2021”, lê-se em comunicado.

Algumas pessoas têm optado por retornar às suas áreas de origem, mas “o ACNUR considera prematuro incentivar o regresso” devido à insegurança que prevalece nalgumas partes da província. 

Os retornos devem ser “seguros, voluntários, conduzidos com dignidade e com base numa decisão informada” desde que “os serviços básicos sejam restaurados nas áreas de origem”.

O comunicado, emitido esta quarta-feira, cita Boris Cheshirkov, porta-voz do ACNUR, em declarações feitas na terça-feira, em Genebra, frisando que tem havido novos ataques que entre Janeiro e meados de Março provocaram a fuga de 24.000 pessoas no distrito de Nangade. 

“Estas pessoas precisam de assistência humanitária urgente”, sendo que “centenas de famílias” ainda estão a fugir.

A situação está a colocar pressão sobre o distrito de Mueda, onde estão cerca de 135.000 deslocados, com “a maioria dos centros de acolhimento sobrelotada e em breve a atingir a capacidade máxima”.

O ACNUR enfrenta desafios “na assistência à saúde mental, no apoio psicossocial a crianças desacompanhadas e separadas, na assistência a pessoas com deficiência, mulheres grávidas e idosos”.

Apenas 11% das operações previstas por aquele alto comissariado em Moçambique estão financiadas, de um total de 36,7 milhões de dólares norte-americanos “necessários para fornecer assistência”, conclui.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas, aterrorizada desde 2017, por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 859 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

Desde Julho, uma ofensiva das tropas governamentais com apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu o aumento da segurança, recuperando várias zonas onde havia a presença dos rebeldes, que estavam ocupadas desde Agosto de 2020.

A acção militar das forças conjuntas obrigou os grupos rebeldes a dispersarem-se e a actuar fraccionados, voltando a protagonizar ataques esporádicos em áreas reconquistadas pelo Governo.

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