O regresso à normalidade
O regresso – A vizinha República da África do Sul regressou já à (quase) normalidade, a partir desta terça-feira, ao cabo de 750 dias de múltiplas e renovadas restrições decretadas pelo Governo para enfrentar a pandemia da covid-19.
Com efeito, o presidente da África do Sul, Matamela Cyril Ramaphosa, anunciou esta segunda-feira o “adeus” a quase totalidade das medidas implementadas pela primeira vez no país a 15 de Março de 2020, quando Pretória decretou o estado nacional de calamidade, para “impedir que muito mais pessoas ficassem gravemente doentes e salvar inúmeras vidas”.
Para Ramaphosa estas medidas foram eficazes para diminuir a taxa de infecção, aliviar a pressão sobre os hospitais e permitir a assistência aos infectados e afectados.
Mesmo apelando para a manutenção da disciplina e vigilância, o estadista sul-africano referiu que a África do Sul vive hoje um ponto de viragem, após sobreviver a quatro vagas da covid-19 e apresentou dados que justificaram a tonada de decisão de acabar com o estado de calamidade pública, sobretudo nesta quarta vaga.
“Dos 108 mil leitos hospitalares, apenas 1.805 estão ocupados actualmente por pacientes com covid-19. Dos 5.600 leitos em unidades de tratamento intensivo do país, apenas 175 estão ocupados por pacientes com covid-19”, disse Ramaphosa.
O presidente da África do Sul salientou que “esta tendência de queda está a permitir que voltemos à normalidade nas unidades de saúde pública”.
Ramaphosa indicou que, por trinta dias, vão vigorar medias transitórias que visam garantir que as precauções essenciais de saúde pública e outros serviços necessários não sejam interrompidos.
De entre essas medidas transitórias, consta a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados e restrições ás aglomerações. Ou seja, para as reuniões, em locais abertos e fechados, é permitida a ocupação de cinquenta por cento da sua capacidade, desde que as pessoas apresentarem o comprovativo de vacina e ou o teste negativo da covid-19, com pelo menos setenta e duas horas. “Se estes pressupostos não forem cumpridos, deve-se manter o máximo de mil pessoas, em locais fechados, e duas mil, em locais abertos”, detalhou Ramaphosa.
Para os viajantes que pretendam entrar na África do Sul exige-se certificado da vacina ou o teste negativo, com pelo menos setenta e duas horas.
Cyril Ramaphosa esclareceu que em caso de um viajante não possuir nem o certificado e nem o teste, “deverá ser submetido a um teste de antigênico no local de entrada. Se testar positivo deve se submeter a um isolamento de dez dias”.
Disse também que se mantem o pagamento do subsidio social de trezentos e cinquenta rands (quase 1.513 meticais). Todos os outros regulamentos deixaram de valer, a partir da meia noite desta terça-feira, incluindo a criminalização por não cumprimento das medidas.
Ramaphosa anunciou, por outro lado, que a África do Sul vai continuar a trabalhar com a Organização Mundial da Saúde para entender o aumento de casos da covid-19 em outras partes do mundo e avaliar as informações científicas relevantes.
Cyril Ramaphosa diz que os 750 dias em que esteve em vigor o estado de calamidade pública, a África do Sul aprendeu que o vírus da covid-19 é imprevisível e que a “situação pode mudar rapidamente”.
“A vacinação é a melhor arma disponível, para reduzir chances de futuras ondas de infecção que obrigariam ao retorno ao estado de calamidade” alertou.
A África do Sul é um dos países mais afectados, no continente africano, com o registo de três vírgula sete milhões de casos de covid-19 e cerca de cem mil mortes. (O regresso à (quase) normalidade)
RAULINA TAIMO, Correspondente na África do Sul