Luxo ilícito na pobreza

Luxo ilícito – No passado, adolescentes ou jovens desempregados não podiam exibir em público luxo de origem desconhecida pelos pais em casa.

Os pais desencorajavam rigorosamente roubo ou envolvimento dos seus filhos em actividades criminosas.

Um veterano da luta de libertação nacional contou-me, há anos, alguns episódios interessantes que viveu antes e depois da independência. Vou falar de dois ou três: 

Disse que no passado era proibido alguém circular na rua com dinheiro num bolso de camisa transparente, para evitar atrair ladrões que podiam lhe atacar para tirarem o dinheiro do bolso.

Revelou que por algum tempo, os ministros do primeiro Governo de Moçambique independente não recebiam seus salários directamente ou através de Banco.

No final de cada mês, os seus salários eram enviados ao Departamento Central de Finanças do Secretariado do Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

Compras, incluindo de roupa, eram feitas numa loja dos dirigentes e as respectivas facturas enviadas ao Comité Central para efeitos de pagamento. Quem fizessem compras acima do seu salário era alertado imediatamente para controlar as suas despesas.

Em casa, a família sabia que tudo era controlado e poupado.

Segundo o mesmo veterano, um dos seus filhos envolveu-se recentemente num esquema de corrupção e foi detido.

Telefonaram ao pai para salvar ao filho, mas este disse que o filho era maior de idade e que devia responder pelos seus actos, pois em casa sempre aprendeu tudo de bom quando criança.

Lamentavelmente, hoje, a sociedade assiste à exibição em público de carros de luxo, palácios e castelos adquiridos por adolescentes conectados à elite política dirigente.

Os pais de adolescentes e ou jovens empresários de sucesso pouco ou nada fazem para questionar e rejeitar o abuso que seus filhos fazem. Alguns deputados conectados com o partido no poder são apanhados em negócios sem observância de ética.

Entretanto, esses deputados e pais de jovens empresários de sucesso fazem discursos públicos apelando à honestidade e ao respeito pelos valores morais na sociedade. Pura hipocrisia.

Quando se evidenciou a corrida desenfreada pela acumulação de riqueza fácil e ilícita por conectados com a nomenclatura, a comunicação social denunciou, mas mordomos correram logo para dizer aos seus chefes que deviam repudiar publicamente jornalistas apóstolos de desgraça dos moçambicanos.  

O país entrou num precipício do qual será extremamente difícil sair. Há mais de dois mil anos, Noé construiu uma arca por ordem de Deus em preparação de dilúvio para limpar a humanidade através de chuva torrencial. 

Descendentes de Noé são desconhecidos para pedirmos que falassem com Deus para salvar os pouquíssimos honestos, como o veterano combatente, limpar de novo a humanidade.

Todos vamos ser castigados pela natureza pelos pecados de um punhado de malandros.

Um amigo disse me recentemente que mesmo Diabo tem critérios para seus recrutados e muitos que abusam regalias de suas ligações com a elite política já ultrapassaram de longe os requisitos de Diabo para serem elegíveis ao seu reino. (Luxo ilícito)

SIMIÃO PONGUANE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 05 de Maio de 2022, na rubrica semanal do jornalista senior SIMIÃO PONGUANE, denominada VIVÊNCIAS DE OUTRO TEMPO.

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