We! Are: Moçambique

We! Are – Moçambique é um dos quatro países africanos selecionados para acolher Centros Criativos para organizar uma vitrine pop-up que facilitará o envolvimento e a participação do público antes da COP 27, no âmbito de um movimento global denominado We! Are (Nós! Somos), em busca de uma justiça climática.

Para além de Moçambique, foram igualmente selecionados para a mesma finalidade a República da África do Sul, o Egipto e a Nigéria para esta iniciativa iniciada no do Dia da Terra deste 2022 (Abril), devendo terminar no quarto mês de 2023, durante a mesma celebração.

Trata-se de uma iniciativa da Africa No Filter, em parceria com o Creative Development CD), que convidou os Creative Hubs Postos Criativos” para a entrega de uma instalação criativa ou vitrine pop-up, workshops e programas de orientação que abordam a acção climática de maneira relevante e revigorante.

Pesou para a selecção de Moçambique para esta iniciativa o facto de, apesar de contribuir com relativamente poucos poluentes, ser considerado uma das nações mais vulneráveis às mudanças climáticas a nível de África devido à sua longa costa litoral no Oceano Índico e à sua localização a jusante de nove grandes bacias hidrográficas. As secas no país também são uma ameaça.

O Egiptofoi seleccionado por ser o país anfitrião da COP 27, enquanto a opção pela Nigéria de deveu ao facto de possuir uma das maiores populações de jovens do mundo, para além do facto de o esgotamento dos recursos ambientais em todas as partes do país representar um sério desafio de segurança alimentar em face de uma população em rápido crescimento.

Adicionalmente, o Índice de Adaptação Global de Notre Dame de 2021 classifica a Nigéria como o 53º país mais vulnerável e o 6º país menos preparado do mundo para se adaptar às mudanças climáticas.

A África do Sulfoi escolhida por ter sob sua responsabilidade a tarefa de equilibrar a aceleração do crescimento económico e a transformação com o uso sustentável dos recursos ambientais e a resposta às mudanças climáticas.

Além disso, espera-se que a África do Sul cumpra as suas obrigações coletivas sobre mitigação e metas de adaptação a partir de 2030, bem como consolidar as NDCs (sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada) de acordo com o Acordo de Paris

Este movimento visa corrigir essa desigualdade compartilhando de maneira justa o problema das mudanças climáticas, bem como a responsabilidade de lidar com isso, com todos os países do mundo. Ele move o foco da mudança climática de ser apenas uma questão ambiental para ser também uma questão de direitos humanos.

Este esforço decorre do facto de se saber que apesar de África ser a menos responsável pelas mudanças climáticas, ela está entre as primeiras e as piores a sofrer.

Em virtude de, por muito tempo, a história das mudanças climáticas ter sido escrita “por países ocidentais” e as soluções propostas para as mudanças climáticas sempre levaram em conta principalmente as pessoas que vivem em lugares como Europa, Reino Unido, Canadá, EUA Austrália e Nova Zelândia.

“Precisamos de soluções locais para os problemas locais das mudanças climáticas”, referem os animadores da iniciativa We! Are.

A África está a aquecer mais rápido do que o resto do Mundo, de acordo com o relatório Estado do Clima na África.

“Não basta discutir médias globais, temos que discutir perdas e danos. A África deve atingir o zero líquido, mas não à custa de seu desenvolvimento”, defende os membros do grupo dinamizador do movimento Nós! Somos.

Existe a convicção de que a última esperança do mundo está em África. “Talvez a chave para a transformação esteja em prestar mais atenção às soluções africanas. Para os africanos, as mudanças climáticas não são uma ameaça, mas um facto, e podem inspirar o resto do mundo, oferecendo soluções tradicionais e de ponta”.

De acordo com o Programa Ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU) existe uma vasta gama de oportunidades para uma transição justa em África, tendo em conta os seguintes elementos:

– O potencial de energia renovável de África permanece inigualável, é o continente com maior probabilidade de combinar industrialização e crescimento descarbonizado.

– Sete dos dez países mais ensolarados do mundo estão em África, um grande trunfo para a energia solar.

– A África tem 10 por cento do potencial global de energia hidrelétrica.

– África abriga 30 por cento das reservas minerais do mundo, 40 por cento do ouro do mundo e até 90 por cento de seu cromo e platina, tornando-se um centro ideal para a fabricação de tecnologias verdes, como baterias, turbinas eólicas e células de combustível de hidrogênio.

De resto, exemplos de passos a bom porto existem, nomeadamente a ractificação pela maioria dos estados africanos do Protocolo de Quioto de 1997 ao Acordo de Paris de 2016 (COP21), multiplicação de campanhas de conscientização, incluindo a Agenda 2063 da União Africana, fundos de preservação como o Fundo Azul, o projecto Desert to Power do Banco Africano de Desenvolvimento ou a iniciativa da Grande Muralha Verde para cultivar árvores e plantas em todo o Sahel.

A ONU destaca ainda o facto de o Burkina Faso ser o “lar da maior usina de energia solar da África Ocidental” e o Plano Senegal Emergente Verde do actual presidente da União Africada e chefe de Estado do Senegal, Macky Sall.

Dá se ainda como exemplo relevante o facto de a Etiópia, que obtém 93% de sua eletricidade de fontes renováveis, os governos estão a tomar medidas, aliado ao facto de a Nigéria pretender atingir 30% de energia limpa em dez anos.

As consequências das alterações climáticas têm impactos socioeconómicos profundos em África. Assim, as alterações climáticas e o desenvolvimento socioeconómico estão inextricavelmente ligados. A justiça climática muda o foco da mudança climática de ser apenas uma questão ambiental para ser também uma questão de direitos humanos.

Na esfera mediática o movimento Nós! Somos apoia-se numa impressionante rede, com destaque para a CD em parceria com a MultiChoice Talent Factory (MTF), Tik Tok, Meta e YouTube.

Redactor

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