Joaquim Chissano: Quénia
Joaquim Chissano, antigo estadista mocambicano e observador convidado nas eleições da próxima quarta-feira em Angola, pediu aos partidos angolanos que não sigam o exemplo do Quénia, onde se registaram cavadas desinteligencias por causa dos resultados eleitorais, após validação pela Justiça.
Chissano fez estes comentários na manha deste domingo em Luanda, à saída do um encontro com o presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola.
Joaquim Chissano repetiu que o seu apelo se baseia na experiencia baseada e em “comparação do que se passou em outros países”.
“Há duas semanas, o ambiente estava calmo quando lá cheguei, mas o desfecho das eleições não foi assim tão bonito” e “acabou com a comissão eleitoral dividida”, explicou Joaquim Chissano, numa referência aos confrontos nas ruas entre apoiantes do vice-presidente queniano, William Rutto, e do opositor Raila Odinga, que já anunciou recursos judiciais contra os resultados.
Perante o que se passou, Chissano não quer ver esse cenário replicado em Angola e apela aos partidos angolanos que cumpram as suas próprias promessas de “manter essa unidade angolana, fazer tudo por Angola, para que haja paz, e progresso”.
Por agora, “o ambiente está calmo, mas não vá algum eleitor praticar algumas acções que possam contrariar esta acalmia”, apelou Chissano.
“Devemos confiar nos órgãos eleitorais, irmos votar conforme a lei. Se houver quem perde, deve aceitar mesmo que não concorde” e depois “pode recorrer para a justiça”, explicou.
“Mas quando a justiça for feita pelos tribunais tem de aceitar”, recomendou o antigo líder da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que, tal como o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em Angola, governa Maputo desde a independência em 1975.
Angola vai a votos no dia 24 de Agosto para escolher um novo Presidente da República e novos representantes na Assembleia Nacional.
Este domingo, para além das rezas em súplica de bênçãos de Deus para que haja paz após a votação, os concorrentes nestas eleições de 2022 continuam na rua, porta a porta, beco a beco, tentando convencer os indecisos no contexto do quinto pleito geral de quarta-feira.
“Angolanos chamados a orar e a abraçar a paz em tempo de eleições” foi o lema que norteou os cultos económicos de acção de gracas promovidos pela Comissão Eclesial de Angola. “Orar antes, durante a após a votação” é o principal apelo feito pelos líderes religiosos em diversos cantos de Angola.
(Joaquim Chissano: Quénia)