Azedando cada vez mais
Azedando cada vez mais o ambiente político em Angola, com a marcação de datas para investidura do Presidente da República sem validação dos resultados eleitorais e a oposição a criar um grupo de trabalho para convocar manifestações que expressem “a repulsa” dos eleitores.
A Presidência da República de Angola está a notificar os órgãos de informação interessados em cobrir a cerimónia de investidura agendada para o dia 15 de Setembro corrente para remeterem a lista dos jornalistas que cobrirão a referida actividade, irritando ainda mais a oposição, que contesta os resultados e recorreu aos órgãos competentes e ainda não obteve resposta.
É assim que um comunicado subscrito por cinco partidos da oposição angolana (União Nacional para a Independência Total de Angola, UNITA; Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral, CASA-CE; Partido de Renovação Social, PRS; Frente Nacional de Libertação de Angola, FNLA; e Bloco Democrático), salienta que estão a acompanhar o caso junto do Tribunal Constitucional (TC), face aos recursos de contestação dos resultados oficiais e esperam que este desempenhe o seu papel “de forma patriótica e competente”, procurando “distinguir-se da vergonhosa e serviçal posição” da Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
Os partidos sublinham que denunciaram oportunamente as irregularidades praticadas por este órgão e as graves anomalias nos resultados anunciados pela CNE, propondo a comparação das atas subscritas pelos delegados de lista e assumem “o direito de prosseguir a litigação noutras instâncias”
Manifestam também inquietação pelo facto de estar em curso um programa de investidura do Presidente e vice-presidente da República “com datas marcadas e instituições públicas envolvidas, sem a definitiva validação dos resultados eleitorais pelo TC, o que evidencia uma subordinação dos órgãos judicias ao partido/Estado”.
Os subscritores afirmam também estar atentos “ao clamor e ao sentimento da população”, pelo que decidiram criar um grupo de trabalho “para estudar o quadro e as condições para a organização e convocação de manifestações como expressão do sentimento de repulsa dos cidadãos eleitores”.
Essas manifestações, destacam terão “um caráter estritamente pacifico e ordeiro”, realizando-se em coordenação com os órgãos de ordem pública e “enquadram-se no espírito da ordem constitucional, da lei e do interesse público”.
As forças armadas angolanas elevaram o estado de prontidão combativa desde domingo e até 20 de Setembro para evitar incidentes que “perturbem a ordem e tranquilidade públicas”.
Neste período serão reforçadas as medidas de segurança dos principais objetivos económicos e estratégicos e das instituições do Estado, controlo do movimento de colunas militares e restrições na saída de aeronaves militares.
Também a polícia militar, em cooperação com a polícia nacional, deve intensificar o patrulhamento auto e apeado nos centros urbanos e suburbanos, visando a recolha do pessoal e viaturas militares que contrariem as disposições contidas no despacho.
Colunas de veículos militares e policiais, com carros blindados têm circulado nas principais vias de acesso a Luanda, dando visibilidade às ordens militares.
Na semana passada, o presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva, divulgou a acta de apuramento final das eleições gerais de 24 de Agosto e proclamou o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e o seu candidato, o Presidente cessante, João Lourenço, como vencedores com 51,17% dos votos, seguido da UNITA, com 43,95%.
Com estes resultados, o MPLA elegeu 124 deputados e a UNITA 90 deputados, quase o dobro das eleições de 2017.
O PRS conquistou dois assentos no parlamento ao somar 1,14% de votos dos eleitores, o mesmo número de deputados que conquistaram a FNLA e o Partido Humanista de Angola (PHA), com 1,06% e 1,02 de votos respetivamente.
A coligação CASA-CE, a APN e o P-Njango não obtiveram assentos na Assembleia Nacional, que na legislatura 2022-2027 vai contar com 220 deputados.
Redactor
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