O “preço da dependência”
O antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano considera que a falta de confiança entre os partidos políticos inviabiliza a prevalência de uma paz duradoura no país, defendendo uma mobilização geral para a construção da nação.
“Temos que criar confiança, podemos sentar, discutir divergir, mas continuar a falar para irmos agarrando aquelas partes onde a cola funciona e nos unem e reforçam”, disse Chissano, falando no lançamento em Maputo da obra intitulada “Análise da Segurança na África Austral: Novos Riscos e Novas Abordagens para a Segurança Coletiva”.
De acordo com o antigo chefe de Estado, o país devia ser mais solidário em torno das suas principais causas e não apenas em casos de calamidades naturais.
Para Joaquim Chissano, a dependência das instituições africanas em relação à comunidade internacional é um fator de fragilização da democracia no continente.
“Ainda não aprendemos a confiar nas nossas próprias forças e aqueles que apoiam ditam-nos, quem tem a flauta determina o tom”, acrescentou Joaquim Chissano.
Chissano exortou a classe académica, que compunha a maioria dos presentes no lançamento da obra, a apresentar soluções mais práticas para os problemas que o país atravessa.
“É preciso haver aqueles que falam, falam e falam, mas entre os académicos, tem que haver aqueles que fazem, fazem e fazem, porque só assim é que podemos progredir”, assinalou o ex-Presidente moçambicano.
Moçambique é actualmente assolado pela violência militar, opondo as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), com ataques a alvos civis e militares que o Governo atribuiu ao principal partido de oposição.
A Renamo exige governar em seis províncias do centro e norte do país onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) de fraude no escrutínio.
Paralelamente, o país está com uma crise económica e financeira e vai registar em 2016 o seu pior crescimento económico dos últimos 10 anos, com uma projeção de Produto Interno Bruto (PIB) abaixo de 4% até Dezembro.
Redacção