ProEnergia já beneficia mais de 350 mil famílias

Mais de 352 mil famílias em todo o país tem acesso à energia eléctrica no âmbito da primeira fase do Programa Energia Para Todos, uma iniciativa que visa tornar universal o acesso à energia em Moçambique até 2030, através da expansão da Rede Eléctrica Nacional (REN).

Este balanço preliminar foi feito na semana passada pela entidade provedora, no âmbito do programa ProEnergia, uma iniciativa que movimentou diversos dignitários nacionais e estrangeiros ao bairro Samora Machel, no distrito de Marracuene. 

Participaram na visita representantes da empresa Electricidade de Moçambique (EDM), União Europeia, Banco Mundial, Suécia e Noruega, com o objectivo de avaliar o processo de instalação da rede eléctrica do Programa ProEnergia para clientes domésticos do Programa Nacional de Energia para todos.

O projectado na primeira fase deste esforço que já está a registar melhorias em cascata na provisão de outros serviços sociais básicos é cobrir pelo menos 366 famílias, segundo fonte do grupo dinamizador da iniciativa.

Sílvio Romeu, gestor de Projectos na ProEnergia na EDM, disse estar na fase avançada de preparação a segunda fase da iniciativa, a lançar “em breve”, tendo como alvo quinhentas famílias à escala nacional, com um orçamento estimado em aproximadamente 300 milhões de dólares norte-americanos.

Para alcançar os objectivos, o Governo de Moçambique e a Electricidade de Moçambique (EDM) implementaram nos últimos anos reformas destinadas a melhorar a eficiência operacional e a viabilidade financeira do sector.

De acordo com a chefe de Cooperação da União Europeia (UE) em Moçambique, Paula Vasquez Horyaans, a UE contribuiu com mais de 200 milhões de euros para o sector de energia.

“A UE já contribuiu com mais de 200 milhões de euros para o sector de energia, financiando também 800 milhões de euros adicionais. Estamos bastante felizes com o projecto porque até aqui mais de 300 mil famílias forma alcançadas”, frisou Horyaans.

Anastácia Machiana, administradora da empresa de fornecimento de água no bairro de Samora Machel, descreve as vantagens da chegada de electricidade na zona e exemplifica referindo que antes das instalações da energia eléctrica gastava 1000 Meticais para o abastecimento de água durante oito horas/dia.

A empresária diz que com as ligações eléctricas iniciadas em 2021 o abastecimento melhorou e os custos de produção baixaram, com um dispêndio de mil Meticais durante 24 horas, o que se reflecte claramente na factura do consumidor.

Machiana sugeriu que a EDM faça um desconto para os fornecedores de água, alegadamente “porque a energia é cara e fazer um negócio nestas condições é insustentável”.

Por sua vez, Verónica Leonilde Macamo, residente e vendedeira em Marracuene, disse que o acesso à energia eléctrica veio melhorar a qualidade de vida principalmente na área do negócio.

“Antes de ter acesso à energia usava-se gás e, muitas vezes, comprava-se pedras de gelo para poder congelar refrigerantes e bebidas alcoólicas. Às vezes, tínhamos de levar as pedras de gelo na cidade. Com a chegada da energia as coisas mudaram. Já não usamos mais gás, porque temos energia nas nossas casas. Não usamos mais também velas, o que melhorou a nossa qualidade de vida em Marracuene”, comentou Macamo.

Para Laurindo José Magaia, a falta de iluminação em diversos locais de Marracuene tem dado espaço para a criminalidade. “Nessas zonas, à noite, a circulação de pessoas é condicionada, por causa dos bandidos”.

Para a concretização deste projecto, o Banco Mundial criou o Fundo Fiduciário de Energia Para Todos, de múltiplos doadores, com uma contribuição financeira adicional de 30 milhões de euros (aproximadamente 2.052 mil milhões de Meticais) da União Europeia, 62,4 milhões de euros do Banco Mundial, 16,8 milhões de euros da Noruega e 15 milhões de euros da Suécia para a componente de rede.

NOÉMIA MENDES

https://bit.ly/41XbJTI

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 15 de Junho de 2023.

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