A paisagem verde de Mucucune
Poucos sabem sobre aquela linda ilha, da qual se via o sol nascer de forma simples e objectiva, quando era um lugar de difícil acesso por causa da natureza e sua localização (faixa costeira da cidade de Inhambane), cercada pelas águas do mar, cuja história remota à antiguidade em que as zonas costeiras eram apreciadas e habitadas pelos povos estrangeiros e navegadores que controlavam a circulação dos transportes marítimos a partir da margem.
O nome tem origem nos tempos em que a região estava repleta de palmares (coqueiros) e demais plantas com destaque para mafurreiras, designadas em gitonga de “nguhu – local onde a população se reunia para analisar e discutir as actividades do seu dia-a-dia que, de forma pausada, os habitantes daquela região passaram a denominar Nguhune”.
Com a chegada dos colonos, a designação do local foi aportuguesada para ilha de Mucucune.
Tem-se dito que Mucucune é considerado bairro-piloto, sendo ocupado originalmente por vatonga, predominante na cidade de Inhambane.
Naquela época não se permitia na ilha a coabitação com outras etnias e os residentes eram considerados “assimilados, porque demonstravam uma civilização” que ia de acordo com a atitude e comportamento do povo português.
Os vatonga daquela região marcaram a história pela sua resistência aquando do recrutamento para o xibalo, colaborando apenas no pagamento do imposto de palhota.
“Os ilhéus sobreviviam com base na agricultura, para além de pescado e plantio de coqueiros. O coco é o ingrediente principal, aliado das donas de casa locais. De modo geral, em todas as verduras é quase obrigatório que sejam adicionados mariscos”.
Cada família tinha uma rede de pesca e gamboa, “barco à vela ou canoa”, que servia para transportar a população para a ilha de Inhambane, Morrumbene, Linga-Linga e zona de Tofo.
Na altura, as raparigas estudavam até a quarta classe para, de seguida, se dedicarem à venda de pescado, enquanto os rapazes tinham direito a continuarem a estudar para facilitar a gestão caseira.
Predominava em tempos a Igreja Católica (Santo António) que funciona como escola, mais tarde Igreja American Board, actualmente Igreja Congregacional Unida de Moçambique, Igreja Anglicana (São Lucas), Comunidade Muçulmana, para além do Regulador Zero, que era quem ordenava e comunicava com os ilhéus.
A vida tem um sabor diferente naquela ilha, onde os bolos de sura são mais deliciosos e a água de lanho é mais doce e gelada pela temperatura constante que se faz sentir. Caranguejo e peixe são consumidos à fartura, sura doce ou amarga, extraída das palmeiras para matar a sede e fazer vinagre usado para temperar alimentos, até como medicação.
A beleza dos mangais dentre vários arbustos compõe o verde da paisagem. O cantarolar dos diversos pássaros lá existentes traduz o som diário, caracterizando a beleza dos homens cujos corações são tipicamente de gente hospedeira.
A ilha torna-se perto, o turismo pode fazer-se a pé ou demais meios de transporte, que, para além da rua principal, pode se usar a via marítima atravessando normalmente quando a maré estiver baixa ou de barco quando estiver alta. A rede móvel chega dentre vários canais da rádio ou televisivo traduzindo a proporcionalidade para melhor comunicação com os demais.
Tem-se dito que o turismo deve ter o seu desenvolvimento racionalmente pré-determinado para que as necessidades e potencialidades sejam gerenciadas e se transformem em estratégias que conduzam à inserção do património natural, histórico e cultural no circuito económico, evidentemente através do uso não predatório dos mesmos.
A cidade de Inhambane é turística, com locais apreciáveis, dentre estes, o caminho a ser seguido. O que parece ideal é aquele em que as necessidades dos grupos sociais possam ser “a partir da gestão democrática da diversidade, nunca perdendo de vista o conjunto da sociedade”.
A direcção do desenvolvimento sustentável deixa de ser aquela linear, única, que assume o desenvolvimento dominante, não mais a marcha de todos em uma só direcção, mas o reconhecimento e a articulação de diferentes formas de organização e demandas como base e sustentáculo de uma verdadeira sustentabilidade.
Conheça Mucucune, conheça o local de anseio e virtualidade da linda paisagem que aquela região nos oferece, emocional, física e espiritualmente.
Não só transforma a sua mente, “o turismo muda o rumo da sua história, viaje e fotografe uma mistura homogênea que causa felicidade”, consuma sem moderação, pois, o grande segredo de uma vida boa é descobrir qual é o seu destino e realizá-lo.
Este artigo foi intitulado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 10 de Agosto de 2023, na rubrica de opinião denominado OPINIÃO.
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