Flores
Flores para alegrar o teu dia, minha menina. Sei que estes capins pouco ou nada te dizem. Valem tanto quanto os meus sentimentos por ti, valem para ti. São belas aos olhos de quem as aprecia, sei que para ti diferença nenhuma fariam se não viessem.
És uma menina moderna, gostas de conservar o meio ambiente, por isso não gostas que flores sejam arrancadas. Mas eu sou poeta das antigas, amante de vermelhos e cantigas. Queria dar-te jasmins, talvez urtigas, mas o bolso apenas compra umas rositas.
Um dia desses vou morar contigo e vou enfeitar o nosso muro com buganvílias, maravilha! Preferias antes que te oferecesse uma joia, um carro, um aiphone ou uns cabelos. Uns sapatos ou uns dinheiros. Porque de flores andam cheios os cemitérios, nos seus canteiros.
És mulher independente e valente, emancipada e feminista, gostas de plantar o teu jardim e de ganhar as tuas próprias moeditas. Dizes sempre que o meu dinheiro é sagrado e que parte do sacramento é dividi-lo contigo.
Deve ser por isso que não gostas que o gaste em flores, porque as flores morrem. Seria desperdício do sacramento.
– O casamento não terá flores?
– Mas quem falou em casamento? – perguntas tu. Embasbacada.
– Ainda é cedo, só tenho 27 anos e o mundo todo pela frente ainda não conheci nada. Sou uma mulher diferente da minha mãe, os tempos são outros, não me posso casar agora.
– Completas.
– Mas se não somos casados, por que tenho de dividir o meu dinheiro contigo?
– Porque é a tradição, já disse! – respondes impaciente.
Faço um gesto carinhoso passando a mão na sua longa e loira peruca, sorrio para acalmá-la. Deu certo. Prossigo:
– Okay, mas os filhos? – pergunto com um sorriso.
– Não, não, essas são o pior tipo de flores, as que nunca murcham, ainda é cedo demais para regar essas flores.
As nossas conversas terminam quase sempre comigo, sem saber o que dizer, tento me lembrar de alguns versos do Paulo Flores, para animá-la:
“Cabelos brancos parece que agora é moda,
toda garina adora no meio da boda”.
Feliz eu saio porque no final aceitas sempre os meus capins. No fundo sei que só eu vivo esta paixão, mas nem me importo, dar-te flores alegra-me o coração! Ainda não posso viver o nosso amor, mas vivo o meu amor por ti, mulher moderna…
Este artigo foi intitulado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 11 de Agosto de 2023, na rubrica de opinião denominado OPINIÃO.
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