BRICS acorda em expandir o bloco

O grupo de economias emergentes BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – acordou hoje a expansão do bloco e o formato para a adesão de novos membros, durante a cimeira, a decorrer em Joanesburgo, anunciou a chefe da diplomacia da África do Sul, Naledi Pandor.

“Essencialmente, concordamos na questão da expansão, temos um documento que adoptámos que estabelece directrizes e princípios, e processos para considerar os países que desejam tornar-se membros do BRICS, o anúncio mais detalhado será feito pelos líderes do BRICS antes da conclusão da cimeira”, afirmou Naledi Pandor.

A ministra das Relações Internacionais e Cooperação sul-africana falava a um canal de rádio tutelada pelo seu ministério na cimeira que decorre em Joanesburgo, África do Sul.

Naledi Pandor disse também que o bloco estabeleceu uma aliança de mulheres e um fórum para a juventude dentro do BRICS.

“É extremamente importante, e a formação da juventude, pela primeira vez tivemos dois jovens líderes a dirigirem-se aos líderes do BRICS de uma forma muito positiva e inspiradora, estabelecendo as aspirações dos jovens dos países BRICS relativamente ao papel que esperam que os BRICS desempenhem no desenvolvimento dos jovens”, salientou.

A expansão do BRICS sempre foi o desejo da China, a segunda maior economia do globo, na sua luta por ganhar influencia mundial, actualmente nas mãos do Ocidente, e da Rússia, pressionada pelo isolamento a que está sujeito pelas sanções que lhe foram impostas após invadir a Ucrânia.

Inicialmente, a Índia não via com olhos esta expansão do BRICS, sobretudo devido a querelas que amiúde tem com a China e o Brasil temia perder a influência que tem no seio da organização.

Nos discursos proferidos esta quarta-feira (22 de Abril), os líderes do BRICS manifestaram-se a favor da expansão deste bloco económico, o que pressupõe que as divergências que existiam, pelo menos foram minimizadas.

A Índia insiste na necessidade de maior transparência nos critérios de admissão, enquanto o Brasil alerta que o BRICS não deve se expandir para substituir os blocos económicos existentes, como o G7, G20, União Europeia ou Mercosul.

O presidente sul-africano, Matamela Cyril Ramaphosa, garantiu que o posicionamento final será conhecido esta quinta-feira (24 de Agosto) último dia da XV cimeira do BRICS.

Sabe-se que cerca de 40 países manifestaram o interesse em integrar o BRICS, de entre eles a Arábia Saudita, Irão, Argentina e Egipto. Um dos dilemas que o BRICS enfrenta é ter países membros que, ao mesmo tempo, cooperam com os Estados Unidos, um dos maiores “inimigos” da Rússia e China.

No último dia da XV cimeira do BRICS será conhecido o posicionamento do bloco sobre a tão sonhada desdolarização das suas transações comerciais. Para já tudo leva a crer que ainda não foram dados passos seguros nesse sentido, sendo um assunto que pode levar ainda mais anos para se concretizar.

O meio termo que poderá ser anunciado é de os países do BRICS fazerem as transações cada um com a sua moeda, com a referência a ser estabelecida pelo Novo Banco de Desenvolvimento, criado em 2015 pelo grupo para ser alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional.

Aliás este banco tem sido o grande chamariz para que muitos países manifestem o desejo de integrar o BRICS, como forma de ter acesso aos fundos concedidos por esta instituição financeira, dirigida pela brasileira Dilma Rusself.

Neste último dia os líderes do BRICS vão dialogar com os países do sul-global, estando já na África do Sul presentes vários dirigentes do continente africano e de países da Ásia, Caraíbas e América Latina.

Filipe Jacinto Nyusi vai participar neste diálogo a decorrer em Sandton, zona nobre de Joanesburgo.

A ideia é a de que os membros do BRICS tirem vantagens da zona de comercio livre continental africano, uma iniciativa que visa tirar da pobreza extrema mais de 30 milhões de pessoas de África.

RAULINA TAIMO, Correspondente na África do Sul

https://rb.gy/3w9z6

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