Por que em Moçambique mudar de partido é crime informal?
Crime informal? Como é o crime informal? São as prováveis perguntas que podem surgir ao longo da leitura deste texto. Essas são minhas teorias ou meu pensamento. Crime informal é aquele que não está plasmado em algum dispositivo legal, ou seja, aquele que você sofre das pessoas que pensam que está do lado errado da história.
Você sofre de estigma, hostilidade, discriminação severa, limitação de espaço de lazer, restrição de oportunidades para a sua vida, ou seja, a sua vida pára no tempo e espaço sem razão alguma. Você obriga-se a voltar para o lado que se pensa ser certo e bom.
O que acontece com os partidos políticos, acontece também com as igrejas, cada sujeito pensa que a sua igreja está mais perto de Deus e dá-se o poder de atropelar a fé dos outros. Isso não seria crime informal, mas intolerância religiosa, até mesmo fundamentalismo religioso.
Muitas pessoas por medo do crime informal acabam vegetando nas suas casas, nos seus postos de trabalho, não conseguem opinar e nem tossir sobre um determinado assunto. Vemos isso em alguns comentadores da TV, casos óbvios eles acabam ovulando, trazendo raciocínio opaco e se achando de bons comentadores. Têm medo do crime informal. São os piores covardes da face da terra, vendem a sua dignidade por um prato de lentilhas.
O medo do crime informal arruinou o país, fez dele um espaço terrível e com aspecto de terreno traiçoeiro, onde você pensa que pode travar, mas o carro só escorrega. O medo do crime informal faz das pessoas reféns dos pensamentos alheios. O medo do crime informal faz regredir o país transformando-o no pior do mundo. O medo do crime informal desajusta o país e permite o sofrimento do povo. O medo do crime informal produz jovens dorminhocos.
O medo do crime informal traz uma nova roupagem no rosto dos moçambicanos, ensina uma nova forma de vida, chamada “bajulação” ou, por outra, o medo do crime informal leva ao puxa-saquismo e tornam-se puxa-saquistas da primeira linha e com isso podem fazer o que quiserem, pois têm a aprovação de quem toma as decisões. O puxa-saco goza de impunidade e passeia a sua classe. O puxa-saco é um crocodilo doméstico.
Em Moçambique mudar de partido torna-se crime informal porque às pessoas nunca foi mostrado um plano de nação, não têm espírito de pertença ao país. Tudo o que se ensina é que o partido faz, fez e fará. As pessoas não sabem em quem confiar e o medo da morte torna-se um assunto preocupante.
Quem pode desafiar uma arma carregada de munições? Quem pode desafiar um revólver apontado na cabeça? Melhor é colaborar que perder a vida e os filhos.
No dia em que o povo descobrir o código do país, mudar de partido tornar-se-á a coisa mais natural do mundo. No dia em que se descobrir o sabor da democracia, mudar de partido será a coisa mais natural do mundo. Vamos ainda lutar porque não chegámos ao fim, estamos quase, mas ainda não chegámos. Há normas esclavagistas, mas se elas ferem a vontade do povo, nunca podem ser obedecidas e que se anulem para o bem do povo.
Toda a norma que não emana do povo, ela desequilibra o tecido social. Não há futuro sem sonho e não há sonho sem segurança e não há segurança sem confiança. A quem nós devemos confiar? Quem nos garante que os parasitas do poder nos segurarão? Quem nos garante que eles são humanos? Eram humanos até descobrirem que o dinheiro era algo precioso.
Este artigo foi publicado intitulado “Por que os jovens protestam? ” foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 09 de Dezembro de 2023, na rubrica OPINIÃO.
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