“Excelências”
O termo é honroso. Faz menção a quem trabalha com excelência e com qualidade muito superior. Mas também é usado para se referir a um tratamento da mais alta hierarquia social. Aqui não quero usar a segunda versão.
Quotidianamente, muitos gostam de ser tratados por excelência ou “dr., Dr”. Até aí tudo bem. O mal aparece quando as pessoas não trabalham com excelência e nem têm o título de Doutorado.
Como considerar excelência a alguém que não consegue reabilitar uma estrada, uma rua ou avenida? Como tratar de excelência a alguém que no aeroporto não consegue colocar água nas casas de banho? Ar-condicionado? Excelência alguém que é pro fome?
Excelência da miséria ou da dor do povo? As pessoas que tratamos de excelência não passam de criminosas escondidas em instituições do Estado. Como ousamos dizer excelência a quem organiza roubo no processo eleitoral?
Excelência quem manda matar activistas sociais e jornalistas? Excelência quem não aceita a opinião contrária? Excelência quem vive prejudicando os outros? Excelência de quê Devemos parar por um tempo com essas expressões para não induzirmos ao mal os nossos filhos e netos. Excelência não é um título, é reconhecimento a quem faz e presta bons serviços e com alta qualidade.
Os nossos filhos e netos poderão pensar que ser excelente é fazer coisas erradas. Nem sempre as palavras educam, mas muitas vezes os exemplos ficam para sempre. As pessoas aprendem com facilidade através de exemplos e factos. Através do visual (o que elas vêem? E o que nos oferecem? O que vimos todos os dias?
Excelência quem assiste os raptores em plena luz do dia? É excelente quem não paga salários? É excelente quem não se comove com a dor do próximo? Excelência de quem? Roubo, nepotismo, corrupção, mentira, perseguição, inquisição, etc.?
O país não desenvolve com palavras apenas, mas pelas acções enérgicas dos dirigentes. Pelo foco e conhecimento pleno do seu território e realização de planos em função da realidade. E eu pergunto: os nossos deputados, governadores, secretários de Estado, administradores, presidentes dos municípios, chefes dos postos e localidades, PR, ministros e vice-ministros e magistrados são excelentes?
Buscam eles a excelência? Trabalham eles em prol do povo? Comovem-se com o sofrimento do povo? Aplicam medidas de austeridade em benefício do povo? Com isso, prefiro ser niilista e esperar que nada irá acontecer para não sofrer por antecipação.
Quem afinal é excelente numa definição ou conceito particular? A quem você considera excelente? Não precisa de responder a essas perguntas com palavras objectivas. Dê um passeio pelo seu bairro, vá ao hospital naquelas filas, vá a escola, ande um pouco pelas estradas, lá estão as respostas desta pergunta e, no fim, diga ao seu coração quem é excelente.
Aos emocionados que gostam de ser tratados por “dr. ou Dr.”, no próximo capítulo traremos a nossa opinião a respeito deles. Portanto, não se pode chamar de casa a uma ruína. Um rim em situação grave deve ser transplantado ou ficar na fila para uma possível sorte de transplante.
Aos demais, deixem de atribuir excelência e honras a quem não merece. “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Posso arriscar-me a dizer que os ladrões são mais excelentes na sua missão que os ditos excelentes ou excelências. Eles são excelentes nos seus fatos e gravatas e não na missão que exercem.
Aos pseudo-excelentes vai a minha indignação e conselho. Sejam verdadeiramente excelentes e mereçam esse tratamento.
JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA
Este artigo foi publicado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 08 de Fevereiro de 2024, na rubrica OPINIÃO.
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