Os gatunos do nosso tempo

Ser gatuno era algo muito impensável. Era horror e vergonha para quem tinha família bem estruturada. Ser gatuno era para pessoas das classes mais vulneráveis e sem condições mínimas. A gatunagem era refúgio dos que almejavam vida melhor por um caminho fácil. Ser gatuno era reprovado socialmente, mas, hoje, muitos querem seguir o caminho da gatunagem e até bajulam os gatunos de estimação. 

Uma das regras da gatunagem é: viver pouco tempo com muito dinheiro. É ostentação. E a regra do pobre pé rapado é: viver com o pouco por muito tempo. São duas realidades diferentes. Só que, em meio a isso, há uma terceira linha de gatunos. Eles são os protegidos pela lei, fazem e desfazem e ninguém diz nada. 

Saqueiam o erário, aumentam preços dos bens e serviços sem consultar o povo. Saem da presidência como presidentes e chegam nas províncias como membros de um partido com erário e os órgãos de justiça não dizem nada. Estão pianos e amolecidos. Gatunos protegidos e formam sempre uma quadrilha com monte de discípulos. 

Esta terceira linha de gatunos é a mais perigosa. São como cobras que aparentam não terem veneno, mas são mortíferas e letais. Enquanto o povo sofre de letargia, essa linha de gatunos ostenta, ameaça, dificulta, rouba, negocia o estado, anula o sonho do povo, intimida, restringe o espaço de debate público, rasga as leis elementares, escorraça, desassiste nas unidades sanitárias, acusa o povo de inoperante, enfim, são gatunos de estimação e espertos.

Foram e estão sendo mimados pelo povo. Esses gatunos são os gatunos do nosso tempo. Vivem à custa do povo e não compram nada, mas, no fim, o povo é preguiçoso, dizem eles. Quando passam, vergam gravatas como se de pessoas fossem. É fácil confundi-los com pessoas normais. Eles são gatunos e insensíveis. 

Eles agravam os impostos e gostam de ser reconhecidos. Vivem de aplausos e amam elogios. Controlam tudo e até o tossir do povo. Eles são perigosos e, por isso, tenham cuidado com esse tipo de gatunos. Não são humanos, apenas são pessoas anormais. São vampiros pululando pelos nossos aeroportos, portos e praças. São gatunos. 

E outra característica deles, são inacessíveis. Andam sempre com aparato policial. Têm medo de quem? De o quê? São os gatunos do nosso tempo. A terceira linha de gatunos. E a gravosa situação é que são endossados, legitimados, apadrinhados, amparados, mimados pelo povo. Os gatunos do nosso tempo são vampiros humanos.

Você tem noção deles? Espero que sim! E se aparte deles, siga o caminho do bem. Acenda a sua vela de paz e honestidade. Seja justo e humano com todos.

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 30 de Maio de 2024.

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