Saudades da justiça

Certa vez, um grupo de jovens fez-se à estrada de motos. Eram jovens da classe alta, cujos pais controlavam o país. Eram jovens bem nutridos se fazendo aos bairros de pessoas que atravessavam épocas de vacas magras.

As motos de alta cilindrada e em alta velocidade meteram-se em becos de alguns bairros. O roncar das motos estremecia os estômagos dos moradores das casas de chapas e de caniços.

Do lado do bairro, um contingente de policiais vigiando o festival do barulho numa cidade autárquica em que algumas leis são contra a poluição sonora. Era barulho aqui e ali, gritaria aqui e ali sem, no entanto, obedecer-se ao tempo de repouso dos moradores daquela maldita área. 

Porque os filhos dos chefes brincam, as leis dormem. Porque os filhos dos chefes se divertem, a Polícia deve trabalhar. É uma ordem de cima só para apenas proteger quem não precisa.

Um morador tentou pedir aos policiais que os meninos parassem com aquela cena, mas acabou sendo detido, visto que estava a incomodar crianças no seu momento de lazer. Outro morador foi espancado e fechou a boca, pediu desculpas por ter incomodado os filhos dos chefes em pleno divertimento. 

O outro morador foi acusado de causar danos psicológicos às crianças ao gritar “queremos justiça” e ele enfrenta um processo-crime por apelar à justiça no momento de entretenimento. Foi elencada a lei dos direitos das crianças, “elas têm o direito de brincar”.

Quando estamos diante de injustiças, jornalistas são condenados sem necessidade justamente para calarem e não gritarem a favor da justiça. São obrigados a pagar um valor de indemnização que nunca nas suas contas entrou. E onde está o jornalista Baruque?

Quando se está diante de fiambres de justiça, as leis só funcionam para os pobres, e para os ricos devem ser adormecidas, ou seja, os que deviam fazer cumprir, se corrompem e sofrem de Alzheimer na hora da sentença. 

A nossa luta é que um dia cheguemos à justiça plena e não às traições da justiça e à precariedade social. Saudades da justiça, é um grito de cidadãos indefesos que vivem a incerteza do dia seguinte. 

Condenados e presos sem justa causa. Como fazer da justiça um prato de todos? Como um Ministério Público que seria para defender o povo se alegra na condenação de quem é pela verdade? Os nossos olhos estão molhados de tristeza e os nossos corações pulsam de medo do porvir. Por Nardela, somos todos nós ou todos por Nardela.

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 02 de Agosto de 2024.

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