PDD [também] tentou galantear Venâncio Mondlane

O partido extraparlamentar para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD) tentou, também, mas sem sucesso, “namorar” o político Venâncio António Bila Mondlane, que concorre para as eleições presidenciais de 9 de Outubro próximo.

O jornal Redactor tem em seu poder cópia da carta escrita por Sidónio João do Rosário Brás, actual “homem forte” do PDD, na ausência do seu fundador, Raul Manuel Domingos, desde 2022 embaixador de Moçambique no Vaticano.

Recheada de elogios e citações filosóficas, incluindo a célebre frase de Aristóteles, segundo a qual “o Homem é um animal político”, a carta assinada por Sidónio Brás pura e simplesmente não mereceu sequer uma resposta de Venâncio Mondlane.

Nem as passagens do tipo “admiramos bastante a sua resiliência e que não nos surpreendemos, pois é nobre a sua causa pelo bem colectivo e a sua bandeira da liberdade e dos seus” […] “o senhor se tornou um contributo inquestionável à liberdade, à democracia, a Moçambique e aos moçambicanos” comoveram Venâncio Mondlane para dar alguma satisfação ao actual presidente do PDD.

“Não nos contactou e nem sei porquê colocou uma correspondência institucional no Facebook. Ele cometeu um crime por ter publicitado uma correspondência institucional, em vez de responder ao remetente”, começou por lamentar Sidónio Bras.

Redactor: Assim sendo, vão tomar alguma atitude?

Sidónio Brás: Não. Ele é miúdo. Nós queremos instruir a ele a [saber] estar na política … ele é miúdo. É uma pena, não vou estar a levantar sururú por causa disto.

Redactor: Como é que interpreta o facto de ele não vos ter respondido e ter publicitado a correspondência, conforme o afirma?

Sidónio Brás: É infantilidade só.

Redactor: E qual foi a reacção do senhor Raul Domingos perante isto?

Sidónio Brás: Como é que havia de reagir. Ele não está cá, mas ele sabendo disso só vai tirar (uma risada), vai admirar porque nós apresentamos a nossa proposta a ele e ele [Venâncio Mondlane] devia ter respondido. De resto a iniciativa e a responsabilidade do partido neste momento é da minha. Não é o senhor Raul Domingos que dirige o partido neste momento.

Pacto com PODEMOS

Esta quarta-feira o núcleo que cuida da corrida eleitoral de Venâncio Mondlane deu a conhecer um entendimento entre este e o Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), pouco conhecido, mas que nos próximos dias será tema de conversa no país, dado o mediatismo do político também conhecido por VM7.

O PDD é uma dissidência da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), criado pelo antigo negociador-chefe do antigo movimento rebelde armado moçambicano nas conversações para acabar com a guerra civil que durou 16 anos (1972/1992) tentando derrotar militarmente o regime de inspiração marxista-leninista da Frelimo, Raul Manuel Domingos.

Num esforço tido por alguns analistas como esforço do actual regime para neutralizar politicamente Raul Domingos, nomeou o antigo “homem de mão” de Afonso Macacho Marceta Dhlakama, líder carismático da Renamo, para embaixador de Moçambique no Vaticano.

Já a liderança do PODEMOS é largamente composta por dissidentes do partido Frelimo, no poder em Moçambique desde 25 de Junho de 1975, e é presidido por Albino Forquilha.

Este partido político, registado oficialmente em Maio de 2019, rotulou o entendimento alcançado com Venâncio Mondlane como “um acordo muito importante e representativo para o povo moçambicano, no sentido em que, tendo esta compatibilidade das nossas visões, vamos trabalhar em conjunto”.

No seu primeiro ano de existência, o PODEMOS assumia-se como aglutinador de membros da Associação de Ajuda ao Desenvolvimento de Moçambique (Ajudem), que tentou concorrer, sem sucesso, às eleições autárquicas de 2018, em Maputo, com uma lista encabeçada por Samora Machel Júnior (Samito), filho do primeiro Presidente do país e militante, até hoje, destacado da Frelimo.

“Este acordo com o PODEMOS representa uma aliança para as próximas eleições e para a próxima legislatura. Chegámos à conclusão de que as nossas propostas em muitas coisas coincidem (…). O PODEMOS assume a responsabilidade legislativa no parlamento e eu faço a minha luta presidencial”, disse Venâncio Mondlane.

Para as eleições de 9 de Outubro, o Conselho Constitucional (CC) excluiu, no início de Agosto, em definitivo, a Coligação Aliança Democrática (CAD), que apoiava a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane e que o incluía também como candidato a deputado nas legislativas.

Venâncio Mondlane ignorou MDM

Venâncio Mondlane ignorou, igualmente, tentativas do Movimento Democrático de Moçambique, actual terceira maior forca política (parlamentar) no país, quando este tentou uma aproximação (Redactor N.° 6890, págs. 1 e 2).

Moçambique realiza em 9 de Outubro as eleições gerais, incluindo presidenciais, legislativas e provinciais.

Além de Mondlane, nestas eleições, concorrem à “Ponta Vermelha” (residência oficial do Chefe de Estado em Moçambique), Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), Ossufo Momade, apoiado pela Renamo, e Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 24 de Agosto de 2024.

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