PIB

Já há muitos compatriotas, não tantos como eu desejaria que existissem, que têm alguma literacia económica. É agradavelmente comum ouvirmos jovens e pessoas adultas, nos mais variados locais a debaterem assuntos de natureza económica, com agradável propriedade. Têm razoável domínio de alguns indicadores micro e macro-económicos. Falam, por exemplo, do PIB – Produto Interno Bruto. Mas o que é este indicador? Ele usado, no comum das vezes, para mensurar com sofrível objectividade o crescimento, o desenvolvimento e quase a qualidade de vida de uma população. Digo sofrível porque ele não é indicador bastante e único para que, sozinho, avaliemos a qualidade de vida das pessoas. Temos que associar o PIB a outros indicadores aferidores da qualidade de vida de um ser humano. A questão é que: 99% do PIB poderá ser retido por 1% da população e 99% da população ter apenas 1% do PIB.

        O PIB é o indicador macro-económico que expressa o valor da produção realizada dentro das fronteiras de um país, durante um ano. O que temos aqui a reter: é o facto dessa produção ser realizada dentro das fronteiras de um país. Não importa a nacionalidade do agente gerador desse produto ou serviço. O importante é que o produto ou bem final por ele materializado gerou acréscimo de valor e criou emprego e trabalho dentro das fronteiras do país em causa durante um ano.  

        Cada país tem órgãos próprios dedicados ao cálculo do PIB. Em Moçambique, este indicador é calculado no INE – Instituto Nacional de Estatística. Este órgão do Estado e Governo moçambicanos faz a recolha dos dados estatísticos a montante do processo de construção deste indicador. Estes dados, uma vez trazidos para o INE, compete a este proceder ao seu “assembling” e homogeneização final, dando, assim, lugar ao PIB.

        O PIB pode ser calculado a partir das três ópticas seguintes:

•       Despesa,

•       Oferta,

•       Rendimento.

        Na óptica da Despesa, o valor do PIB é calculado a partir das despesas efectuadas pelos diversos agentes económicos em bens e serviços para utilização final, e corresponderá à despesa interna, que inclui a despesa das famílias (C) e do Estado em bens de consumo (G) e a despesa das empresas em investimentos (I).

        Na óptica da Oferta, o valor do PIB é calculado a partir do valor gerado em cada uma das empresas que operam na economia.

        Na óptica do Rendimento, o valor do PIB é calculado a partir dos rendimentos dos factores de produção distribuídos pelas empresas, ou seja, a soma dos rendimentos do factor trabalho com os rendimentos de outros factores produtivos.

        Um outro aspecto importante a tomar em linha de conta. O PIB poderá ser elaborado segundo as abordagens seguintes:

·     PIB a preços de mercado;

·     PIB ao custo de factores;

·     PIB a preços correntes;

·     PIB a preços constantes.

O PIB a preços de mercado (PIBpm) – Inclui o IVA sobre a produção e os impostos líquidos sobre as importações.

PIBpm = (Produção + IVA) + (Importações + Impostos)

O PIB a custo de factores (PIBcf) – Calculado (na óptica da produção) através da soma dos valores acrescentados (VAB) dos diversos ramos de actividade (agricultura, indústria, construção, transportes, administração pública).

PIBcf = PIBpm – Impostos Indirectos + Subsídios à Produção

O PIB a preços correntes (PIBpc) ou PIB nominal – É o valor do PIB calculado a preços correntes, ou seja, no ano em que o produto foi produzido e comercializado.

O PIB a preços constantes (PIBpk) ou PIB Real – É  escolhido um ano-base para o cálculo do PIB, eliminando assim o efeito da inflação.

Eis uma nota importante, digna de realce: Para avaliações mais consistentes, o mais indicado é o uso de seu valor real, que leva em conta apenas as variações nas quantidades produzidas dos bens, e não nas alterações dos seus preços de mercado. Para isso, faz-se uso de um deflactor (normalmente um índice de preços) que isola o crescimento real do produto daquele que se deu artificialmente devido ao aumento dos preços da economia.

ANTÓNIO MATABELE *

*  Economista

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 13  de Setembro de 2024, na rubrica de opinião denominada N’siripwiti – gato do mato.

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