“Vamos trabalhar”! Onde?

Lema considerado emblemático, mas vazio de concretude. Muito ovacionado pelos pares e visto como a melhor opção. Porém, dentro deste lema, surgem várias perguntas e intermináveis.

Vamos trabalhar! Mas onde? Em Moçambique para se ter emprego é preciso sacrificar os dois rins em benefício do alheio. Em Moçambique para se ter machambas tem de se esperar que lhe atribuam terrenos.

Vamos trabalhar comprando vagas? Querem nos contratar como vendedores de vagas? Trabalhar no Estado, no privado, conta própria ou nas machambas?

Se no Estado, algum concurso aberto para o preenchimento de vagas, e se sim, aonde? Quem nos garante que nesses concursos os filhos dos graúdos não são os primeiros? As pessoas nem têm dinheiro para tratar aptidão física e aquela pilha de documentos, como vão trabalhar sem no mínimo conseguir reunir os documentos que compõem o corpo dos requisitos?

Se no privado, alguma ou algumas empresas, organizações contratam? Se sim, onde e quais os requisitos? Essas empresas são nacionais ou multinacionais? Em que ramo de actividade elas operam neste solo? Se é para irmos trabalhar, como trabalhar sem trabalho?

Se conta própria, irão dizer aos polícias municipais para pararem de perseguir os ambulantes? Como trabalhar sem espaço de trabalho?

Se nas machambas, algum terreno sobrando para cultivar e, continuaremos com a agricultura de subsistência? Ou alguma melhoria como fornecimento de tractores e outras maquinarias para catapultar o sector agrícola? Esse trabalho que está sendo anunciado será tipo serviço militar obrigatório ou cada um estará atrás dos seus sonhos?

Vamos trabalhar, sim, já ouvimos, mas nos digam, onde, como e com o quê? Os que fingem trabalhar ficam meses a fio sem salários, imagina convocar outra turma, será que conseguirá pagar?

Um pai que só se preocupa em gerar sem dar condições aos seus filhos é irresponsável e sem noção. Se a sensatez residisse na mente de vós, antes de convidar ou convocar ir a essa batalha de trabalho, criariam condições para os que trabalham sem trabalho.

Aqueles que no hospital fingem trabalhar. Na educação fingem trabalhar. Na defesa e protecção fingem trabalhar ou seja, todos fingem trabalhar mesmo aquele que convida, em 2019 prometeu hospital distrital em Govuro e até hoje nada. Fingiu trabalhar e trabalhou sem trabalhar.

Digam-nos, então, vamos trabalhar onde? Quem nos irá contratar? Como será o regime do contrato?

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 27  de Setembro de 2024.

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