A vida dura dos militares moçambicanos

O Dia das Forças Armadas de Moçambique, comemorado em 25 de Setembro, é uma homenagem à luta pela independência do país, marcada pelo início da luta armada contra o regime colonial português em 1964. Hoje, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) enfrentam diversos desafios que impactam a sua capacidade de garantir segurança e defesa do território nacional. Alguns dos principais problemas e possíveis formas de superá-los incluem:

Insurgência e terrorismo no norte do país. A província de Cabo Delgado tem sido palco de uma insurgência violenta desde 2017, onde grupos armados, incluindo extremistas ligados ao Estado Islâmico, realizam ataques contra civis e forças de segurança. Este conflito desafiou a capacidade das FADM de controlar a situação, levando a deslocamentos em massa e perda de vidas. Aliado a isso, as FADM enfrentam a falta de recursos e equipamentos militares modernos. As FADM enfrentam um défice significativo de equipamentos modernos e tecnologia de defesa avançada. Elas continuam a depender de material obsoleto, o que limita a sua capacidade de resposta eficaz em situações de conflito.

O outro factor preocupante nas FADM é a corrupção e gestão ineficiente, a corrupção tem sido um obstáculo para o bom funcionamento das FADM. A má gestão de recursos resulta em uma distribuição ineficaz dos recursos financeiros e materiais, impactando o moral e a capacidade de resposta das tropas e isso gera desânimo e deserções. E não é só a corrupção, esses militares, muitas vezes, enfrentam condições difíceis, incluindo baixos salários, falta de apoio psicológico e social, e dificuldades no acesso a cuidados médicos.

Soluções para a melhoria do sector da defesa em Moçambique 

Melhorar a inteligência e a vigilância: Investir em tecnologias de vigilância e em serviços de inteligência é fundamental para prever ataques e evitar o avanço das forças insurgentes.

Desenvolvimento comunitário e inclusão social: Para reduzir o recrutamento de jovens por grupos extremistas, é necessário investir no desenvolvimento económico de regiões como Cabo Delgado, oferecendo melhores condições de vida e alternativas à radicalização.

Modernização e actualização dos equipamentos militares: Através de parcerias internacionais, Moçambique poderia adquirir equipamentos militares mais avançados e melhorar a infra-estrutura de manutenção para as suas forças.

Programas de capacitação técnica: Investir na formação técnica dos militares em relação ao uso e manutenção de novas tecnologias é uma forma de melhorar a eficiência operacional.

Transparência e prestação de contas: Implementar sistemas de auditoria interna e externa para garantir que os recursos destinados à defesa sejam usados correctamente.

Reformas institucionais: Reformar as estruturas de comando para garantir que decisões estratégicas sejam baseadas em mérito e nas necessidades operacionais e não na confiança partidária e na afectividade. A área da defesa é muito delicada e precisa de um tratamento diferenciado.

Melhoria das condições de trabalho e benefícios: Revisão dos salários, melhoria nas condições de alojamento e fornecimento de benefícios adequados para os militares e suas famílias.

Apoio psicológico e social: Instituir programas de apoio psicológico e reintegração para soldados que retornam de zonas de conflito.

Para superar esses desafios, Moçambique precisa de um esforço contínuo para reformar, modernizar e apoiar as suas forças armadas. A cooperação internacional, o combate à corrupção e a melhoria das condições de trabalho dos soldados são passos essenciais para garantir uma força de defesa eficaz e capaz de proteger o país em tempos de paz e conflito. 

Nas condições em que as FADM se encontram, estão tão vulneráveis que podem até penhorar o país devido às condições que não têm. 

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 26 de Setembro de 2024.

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