As balas não calam a força e vontade popular

Em um país onde, aparentemente, balas e gás lacrimogêneo são o novo “bom dia”, a actuação da polícia moçambicana nas manifestações tem sido, no mínimo, digna de um espetáculo tragicômico. 

Se antes eles eram conhecidos por resguardar a ordem, hoje parecem mais aptos para um show de pirotecnia com gás lacrimogêneo e baleamentos arbitrários do que para garantir o direito de expressão dos cidadãos. E assim, o encontro entre polícia e manifestantes se transforma numa cena de acção, onde as ideias de “democracia” e “livre manifestação” se esvaem entre os tiros e os gritos.

Mas, ironicamente, quanto mais tentam “calar” o povo, mais alto ele grita. Afinal, qual é o verdadeiro efeito da repressão policial? Se a intenção era “controlar” a situação, a execução está mais para um comercial de resistência popular. 

Parece que a polícia moçambicana esqueceu que, por trás de cada cidadão, existe um ideal que não morre com balas e nem se cansa com gáslacrimogêneo. E quando o uso da força se torna a única resposta, o discurso que ressoa entre as paredes é o da intolerância, e quem assiste de fora enxerga apenas um teatro onde a ordem se confunde com a opressão.

O curioso é que, no afã de “proteger” a ordem pública, eles acabam promovendo o contrário: a revolta e a determinação das pessoas de continuar reivindicando seu espaço e voz. Pode-se parar tudo, mas não um povo decidido. Esta é a hora inteligentemente falando de o governo negociar com o povo antes que as coisas saiam do controle.

Deve-se abandonar o discurso de que há quem ganhou as eleições e há quem perdeu, antes do poder, existe o estado. Antes das mordomias, existe um povo que sofre e está mergulhado ao desespero e nada tem a perder.

Porque, no final das contas, é mais fácil dispersar uma multidão do que impedir uma ideia de florescer. A cada repressão, a cada tentativa de silenciamento, a vontade de lutar só cresce. Um governo que não ouve conselho, se arrepende quando o povo toma o poder. 

Assim, se o partido Frelimo fazer-se de cego e pensar que dominará o povo, nunca mais liderará o país e é fim dessa organização. O que fazer então? O primeiro passo é nesta semana mesmo, suspender o mandato do presidente do partido imediatamente; segundo, pedir desculpas publicamente ao povo e reconhecer as falhas; terceiro, ceder o poder e passar para oposição. Com esses passos, a frelimo terá chance de conquistar o povo futuramente. 

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

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