Simpatizantes do partido PODEMOS em Moma “atiram a toalha ao chão”

Alguns membros e simpatizantes do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que suporta o candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane, no distrito de Moma, a Sul da província nortenha moçambicana de Nampula, estão a desistir das manifestações em curso no país.

Segundo o jornal Ikweli (Verdade) na sua edição desta quarta-feira (06 de Novembro) os desistentes alegam que tomam esta decisão porque as manifestações que vinham realizando “paralisaram” as suas vidas e da comunidade em que estão inseridos.

Igualmente, aqueles cidadãos queixam-se da ausência do seu líder, Venâncio Mondlane, nas marchas.

Segundo apurou o Ikweli, há três dias que estes não se fazem à rua, alegadamente, também, porque faltam informações oficiais sobre o paradeiro do líder [Venâncio Mondlane], gerando um clima de “incerteza e preocupação”.

“Nos últimos três dias não se fez manifestação alguma, depois da detenção de alguns membros e simpatizantes do partido PODEMOS, a população tentou invadir o posto, mas sem sucesso”, relatou uma fonte do Ikweli na vila de Moma, acrescentando que “desde este incidente [de tentativa de invasão de um posto policial], não houve marcha cá na sede de Moma, o povo está cansado porque o Venâncio fala apenas na Internet e não se sabe o paradeiro dele”.

A ausência de notícias sobre o paradeiro do candidato tem gerado especulações entre os habitantes, que aguardam respostas dos seus superiores, alguns dos quais afirmam que a presença de Venâncio é essencial para garantir estabilidade e confiança na liderança local.

Moçambique está a passar por dias de violência pouco vulgar, na sequência de desinteligências em torno dos resultados eleitorais oficialmente anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) que dão vitória ao partido Frelimo e seu candidato, Daniel Chapo, com cerca de 70% e colocando Mondlane e o PODEMOS, até agora extraparlamentar, em segundo lugar (com pouco mais de 20%).

Mondlane rejeita estes resultados e apelou para um “Roteiro revolucionário” que deverá ter o 07 de Novembro de 2024 como um dos seus momentos mais altos, com uma manifestação que os organizadores – PODEMOS e o seu candidato presidencial – esperam reunir nas ruas da cidade de Maputo, a capital de Moçambique, quatro milhões de manifestantes.

Venâncio Mondlane jurou dirigir “25 dias raiva”, correspondentes aos 25 tiros disferidos contra Elvino Dias e Paulo Guambe, companheiros políticos do engenheiro, clérigo e político moçambicano que reclama ter ganho o pleito de 09 de Outubro.

Hoje cumpre-se o nono desses 25 dias, esperando-se que amanhã ou nos dias a seguir anuncia como será caracterizada a quarta etapa deste “Roteiro revolucionário” que já obrigou ao encerramento da fronteira de Ressano Garcia, na província de Maputo, Sul do país, a mais movimentada de Moçambique e que esta terça-feira viu grande parte das suas infraestruturas e equipamento destruídos pelos manifestantes.

Esta terça-feira o ministro da Defesa Nacional de Moçambique, Cristóvão Artur Chume, advertiu que caso a prevalecente violência por causa da disputa em torno dos resultados eleitorais deste ano se agudize, as Forças Armadas podem “inverter os papéis”.

Se o escalar da violência continuar não se coloca outra alternativa senão mudarmos as posições das forças no terreno e colocarmos as Forças Armadas a proteger aquilo que são os fins do Estado”, disse o ministro, numa conferência de imprensa em Maputo, assumindo que neste momento os militares estão no terreno apenas no apoio às restantes forças de segurança e à população.

Subtil e incisivo, o major general de 53 anos de idade declarou: “nós dissemos que é credível os actos preparatórios para a alteração do poder democraticamente instituído”.

Há quem já manifeste receios de instauração em Moçambique do Estado de Sítio e de Emergência, ao abrigo do artigo 290 da actual Constituição da República.

Redactor

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Revista Prestígio de Setembro/Outubro de 2024

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