Comida – 3

Associação Black Bulls (ABB) de Moçambique, Maputo (Zero), versus, Zamalek do Egipto, Cairo (Dois). É motivo de felicitar a nossa equipa nacional. É uma derrota com sabor a victória. A equipa egípcia é a campeã africana em título. Alguns pensávamos que a nossa ABB seria copiosamente trucidada lá nas pirâmides faraónicas. Afinal, quase se deu o episódio bíblico do pequeno David matar o gigante Golias.

       África destila ódio. Este gera, em incessante cadeia, mais ódio. Com este baixo sentimento humano nada se constrói. As mudanças são dialecticamente necessárias e importantes. Mas mudanças no sentido de crescimento qualitativamente novo, rumo ao desenvolvimento. Nunca uma mudança deve ser conducente ao retrocesso. Mudança pressupõe continuidade. Saída, por elevação, de patamares mais baixos para os mais elevados.

       Passemos em revista pela história recente de África, recheada de golpes de estado sem fim para serem através destes protagonizadas mudanças. Na esteira destas mudanças não encontramos programas de governação qualitativamente melhores aos dos regimes contestados, neste caso, derrubados com violência. Após as juntas militares se instalarem no poder após a consumação dos golpes, as populações experimentam, na “maioria dos casos maiores” frustrações que as que eram contestadas.

       Tudo começa pela barriga. Diz um velho adágio popular que “a alegria das pessoas vem da barriga”. Enchamos, em primeiro lugar, de comida a barriga das pessoas. As pessoas, uma vez razoavelmente, alimentadas, seguramente, que, com maior racionalidade, comecem a dialogar sobre tópicos de desenvolvimento dos nossos países africanos.

       O pobre, cronicamente esfomeado, produz fel e ódio dentro de si. Alimentemos o povo. A maioria do povo de África vive nas zonas rurais. Se incentivarmos a produção de comida no meio rural, estamos na nossa governação, a criar condições para que as mudanças dialecticamente necessárias, rumo ao nosso crescimento e desenvolvimento não ocorram sob o espectro do caos descontrolado.

       O que tem acontecido é que, em África, as mudanças são caracterizadas pelo derrube dos poderes estabelecidos na governação contestada e em seu lugar o poder cai na rua. A substituição da antiga ordem ocorre sob o figurino da desordem, do caos. Em suma, o poder cai na rua. Por razões de ética não vou escrever os nomes de dois países africanos que, neste momento, estão totalmente ingovernáveis porque os mesmos foram vítimas de mudanças de governação sem critério, sem um programa de gestão qualitativamente melhor que o contestado.

       O sociólogo Juan Clemente Zamora, no seu livro intitulado “O Processo Histórico” defende a necessidade de as mudanças serem feitas a partir de estágios qualitativamente inferiores para outros superiores.

       Tenhamos a coragem de em África criarmos políticas e programas mediantes as quais o desenvolvimento comece nos meios rurais aonde vive 80% das populações africanas. Se estas forem felizes no campo, jamais precisarão de se mudarem para as cidades em busca da melhoria da sua qualidade de vida.

Sobre este aspecto, Samora Moisés Machel defendia que o desenvolvimento de Moçambique deveria começar pela localidade.

ANTÓNIO MATABELE  *

*   Economista

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 29 de Novembro de 2024, na rubrica de opinião denominada N’siripwiti – gato do mato.

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