O Manual de Sobrevivência Moçambicano 

Em Moçambique, o povo é especialista em viver na base do improviso, mas não por falta de vontade de melhorar. É que, com tantos “presentes” do governo, como pobreza, fome e balas reais, acabaram desenvolvendo uma habilidade inata para transformar a tragédia em piada. 

Afinal, quando tudo o que é bom vai parar no bolso de alguns, o que sobra para o resto? Bem… sobra experiência, e disso o povo entende.  

Se você acha que ser moçambicano é só carregar um BI no bolso, está enganado! É preciso ter um doutoramento em paciência e um mestrado em esquiva de gás lacrimogéneo. E olha, não é qualquer gás! É um gás exclusivo, quase gourmet, projetado para limpar tanto as ruas quanto as narinas – dois problemas resolvidos de uma vez.  

Mas não pense que é só desgraça! O humor do povo moçambicano é inabalável. Afinal, quando o salário mínimo mal cobre um saco de arroz, o jeito é rir para não chorar… ou para economizar lágrimas, porque água também está cara. A criatividade reina. Quem não tem pão, come imaginação. Quem não tem transporte público, caminha filosofando: “Se vou chegar atrasado mesmo, por que correr?”  

Já os políticos, esses sim, vivem num Moçambique paralelo. Enquanto o povo sobrevive com dieta forçada (também conhecida como fome), eles passeiam em carrões e jatinhos, deixando claro que a desigualdade é, na verdade, uma questão de prioridades – as deles, é claro.  

E o que dizer das balas verdadeiras? São como as estrelas do céu: aparecem em momentos imprevisíveis e sempre trazem emoção. Protesto pacífico? Não, não, isso é muito simples! Que tal uma chuva de borracha ou, se for dia de sorte, balas de verdade? Tudo isso para lembrar ao povo que democracia é só uma palavra bonita nos discursos.  

O mais impressionante é que, mesmo com tudo isso, o moçambicano continua a sonhar e lutar. Talvez seja a teimosia, ou talvez seja o gás lacrimogéneo que já virou combustível. Afinal, em Moçambique, até a miséria tem sotaque de resistência.

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

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