Presidente Daniel Chapo rende homenagem a Sam Nujoma

O chefe de Estado moçambicano, Daniel Francisco Chapo, endereçou este domingo uma mensagem de pesar ao seu homólogo namibiano, Nangolo Mbumba, pela morte do primeiro estadista da Namíbia independente, Sam Shafiishuna Nujoma, ocorrida sábado (08 de Fevereiro de 2025), em Windhoek, vítima de doença.  

Na mensagem, o chefe de Estado moçambicano expressa “profunda tristeza” pelo falecimento de Nujoma, destacando que sua morte não representa apenas uma perda para a Namíbia e Moçambique, mas para todo o continente africano.

Dentre várias, Sam Nujoma será recordado pela emblemática frase por si frequentemente enunciada, segundo a qual “um povo unido, que se esforça por alcançar um bem comum a todos os membros da sociedade, sairá sempre vitorioso”.

“Os alicerces da República da Namíbia foram abalados. O nosso venerável líder, o Dr. Nujoma, não só abriu o caminho para a liberdade como também nos inspirou a levantarmo-nos e a tornarmo-nos senhores desta vasta terra dos nossos antepassados”, escreveu a Presidência namibiana na rede social X.

A nota acrescenta que Nujoma foi hospitalizado para tratamento médico nas últimas três semanas, mas, “infelizmente, desta vez, o filho mais valente da nossa terra não conseguiu recuperar da sua doença”.

Percurso de Nujoma

Activista e líder da luta pela Independência do país, Sam Nujoma tornou-se no primeiro Presidente democraticamente eleito da Namíbia após a independência da África do Sul.

Ele ascendeu à chefia do país s 21 de Março de 1990 e foi formalmente reconhecido como “Pai Fundador da Nação Namibiana” através de uma lei do Parlamento em 2005.

A aclamação foi contrabalançada pelas críticas nacionais e internacionais sobre a sua intolerância à cobertura independente dos meios de comunicação social, as suas críticas contra a homossexualidade e sobre a alteração constitucional de 1998 que lhe permitiu concorrer a um terceiro mandato.

Antigo guerrilheiro, ele foi um aliado de longa data do Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, e apoiou as confiscações de terras dos agricultores brancos por parte dele, embora na Namíbia tenha optado pela política de “comprador voluntário, vendedor voluntário”.

Nujoma cumpriu os seus três mandatos como Presidente, de 1990 a 2005, e procurou projectar-se como um líder unificador, colmatando divisões políticas.

Terminados os seus mandatos presidenciais, Nujoma surpreendeu muitos, incluindo jovens, ao regressar aos bancos da escola.

Num país marcado pelo legado do apartheid e do domínio colonial alemão, o partido SWAPO, por ele criado e liderado, aplicou um programa de reconciliação nacional sob o lema “Uma Namíbia, Uma Nação”.

Nascido em 1929, ainda adolescente cuidou do rebanho da sua família e frequentou uma escola missionária finlandesa, antes de se mudar para a cidade costeira de Walvis Bay e depois para a capital Windhoek, onde trabalhou para a South African Railways, de acordo com uma biografia publicada no site da fundação de caridade de Nujoma.

Ele deixou o seu trabalho nos caminhos-de-ferro para concentrar as suas energias na derrubada do sistema do apartheid.

No final da década de 1950, tornou-se líder da Organização Popular de Owambo, precursora do movimento de libertação SWAPO, organizando a resistência à deslocalização forçada de pessoas negras em Windhoek, que culminou com a morte de 12 pessoas desarmadas pela polícia e o ferimento de dezenas de outras.

Nujoma foi acusado de organizar a resistência e preso, em 1960, mas foi para o exílio.

Campanha pela Independência

Viajou por toda a África antes de chegar aos Estados Unidos da América, onde fez uma petição às Nações Unidas pela independência da Namíbia.

Depois, como líder da SWAPO à revelia, Nujoma criou o seu braço armado e em 1966 lançou uma guerra de guerrilha contra o governo da África do Sul.

Durante mais de uma década de guerra e muita pressão internacional liderada por Nujoma, uma resolução do Conselho de Segurança da ONU em 1978 propôs um cessar-fogo e eleições, o que só viria a acontecer no final de 1989, com as primeiras eleições.

A SWAPO obteve a maioria nestas eleições e Sam Nujoma assumiu a Presidência em março do ano seguinte.

Com a sua barba branca, imagem de marca, foi o último de uma geração de líderes africanos que tiraram os seus países do domínio colonial ou da minoria branca, como Nelson Mandela, da África do Sul, Robert Mugabe, do Zimbabwe, Agostinho Neto, de Angola, Kenneth Kaunda, da Zâmbia e Samora Machel, de Moçambique.
Muitos namibianos atribuíram à liderança de Nujoma o processo de cura e reconciliação nacional após as profundas divisões causadas pela guerra da independência e pelas políticas da África do Sul de dividir o país em governos regionais de base étnica, com educação e cuidados de saúde separados para cada raça.
Até os seus adversários políticos elogiaram Nujoma – que foi considerado marxista e acusado de reprimir implacavelmente a dissidência durante o exílio – por estabelecer uma Constituição democrática e por envolver empresários e políticos brancos no governo após a independência.

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