“Estamos cansados”, para além de que “este país é nosso”!

Quando no dia 08 de Novembro de 2024 escrevemos em manchete (Redactor N° 6941, págs. 1 e 2) que Moçambique caminhava para a haitização, alguns terão levando a assunto na desportiva, mas hoje por hoje, dúvidas já não existem. Vivemos num caos, onde os mais violentos e ruidosos são os donos da verdade e da razão.

O risco da haitização de Moçambique” foi o título utilizado nessa edição, com honras de citação inclusivamente na media estrangeira, em bom rigor, a portuguesa, tanto quanto ficamos a saber.

Há sensivelmente quatro meses que Moçambique está tomado por bandos que impõem as suas regras, com o pretexto inicial de busca da verdade eleitoral e hoje com uma multiplicidade de argumentos, quadro alimentado por diversas frustrações de muitos moçambicanos e aproveitado por oportunistas e populistas.

De lá a esta parte se assiste a um rasto de mortes, ferimentos, desaparecimentos forçados, detenções, destruições de bens privados e públicos, intolerância.

Nos dias que correm já não se faz programa quando se vai à rua. Um percurso que em situações normais se faz em cerca de dez minutos pode, por estes dias durar duas horas ou mais. Há uma semana experimentei esse drama: 150 minutos do Bairro do Jardim para Alto-Maé.

Muitos matolenses têm que fazer certas compras fora do raio habitual, porque a maioria dos supermercados e armazéns da Matola foram destruídos, os doentes de Namicopo em Nampula, buscam tratamento fora da sua zona residencial porque os hospitais e centros de saúde locais foram vandalizados. Até para encontrar socorro das forças da lei & ordem devem procurar agentes da Polícia noutros locais porque as unidades e sub-unidades locais foram arruinados, isto apenas para citar pequenos exemplos desta “loucura” colectiva.

Consta que o país terá de esperar um mínimo de seis meses para receber os primeiros lotes de medicamentos importados porque um dos maiores armazéns do Ministério da Saúde em Maputo foi assaltado, saqueado e incendiado – as labaredas estiveram activas por longos sete dias consecutivos – destruindo milhares de kits de medicamentes essenciais, equipamento médico diverso, roupa hospitalar para mais de 70 mil funcionários do sector, num prejuízo estimado em dez milhões de dólares norte-americanos.

Nesta quinta-feira o Redactor percorria o troço Maxixe/Morrumbene e, chegados na zona de Jogo, próximo da ponteca lá estava um grupo de jovens a bloquear a Estrada Nacional Número Um. Motivação: elevado custo de vida.

Buscamos uma via alternativa desconhecida e nesse trilho deparamos com pelo menos três “portagens” exploradas por adolescentes. Em toda elas os portageiros cobravam entre 100 a 350 meticais para permitir o prosseguimento da marcha, sob supervisão de adultos, à socapa, a escassos metros.

Quando perguntamos aos meninos meio confusos e agitados, porque faziam aquilo, responderam que “estamos cansados”, para além de que “este país é nosso”!

É o perigo de atirar uma beata em mata ou palheiro seco.

Destrói-se o pouco e débil que existe. E o “festival” continua. E agora?

A MINTHIRU IVULA VULA KUTLHULA MARITO! Os actos valem mais que as palavras! Digo/escrevo isto porque ainda creio que, como em anteriores desafios, Moçambique triunfará e permanecerá, eternamente.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 21 de Fevereiro de 2025, na rubrica TIKU 15.

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