Aumenta brutalmente o número de vítimas do Jude

A passagem do ciclone Jude por Moçambique já fez 16 mortos e afectou mais de 302 mil pessoas, segundo a mais recente actualização feita [sábado] por fonte oficial.

Os dados apresentados pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) indicam que pelo menos duas pessoas são dadas como desaparecidas, o número de afectados subiu para 302.653 e o de famílias para 65.164, que agora incluem também as províncias centrais de Tete e Manica, além de Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado, as três últimas do Norte de Moçambique.

O INGD aponta ainda, em dados até sexta-feira, para 70.163 casas total e parcialmente destruídas, outras 988 inundadas e 134 edifícios de culto afectados.

O número de escolas e salas afectadas subiu para 247 e 674, respectivamente, afectando 91.629 alunos e 1.182 professores, havendo ainda 18 pontes, 41 aquedutos e 101.239 áreas agrícolas fustigadas pelo ciclone Jude.

Rosa Rafael

Entretanto, há famílias que perderam quase tudo, estando hoje entregues ao vulgo à sua sorte.

Face a este cenário, o presidente do conselho executivo de Nampula, Luís Giquira, em resposta de enxugar lágrimas de algumas famílias, disponibilizou esta sexta-feira, quantidades não especificadas de produtos alimentares, constituído por farinha de milho, arroz, óleo alimentar, entre outros, às vítimas deste fenômeno natural, nos bairros Muatala, Natiquiri e Namicopo.

“Minha casa desabou por conta do ciclone, neste momento estou neste centro de acolhimento de Muatala há dois dias, junto dos meus filhos, passamos mal para comer, dormimos no soalho e com estes víveres que acabamos de receber vai aliviar algumas preocupações”, lamentou Rosa Rafael uma das vítimas, mãe de sete filhos à deriva.

Outra vítima é João Samuel, pai de cinco filhos, que clama praticamente por tudo. “Estamos a receber um pouco daquilo que as pessoas dão e partilhamos com os nossos filhos, e pedimos que mais apoios venham”, disse

Os dados do INGD apontam também a destruição de pelo menos 72 unidades sanitárias e outros dois edifícios públicos, 68 embarcações danificadas, oito sistemas de abastecimentos afectados, 1224 postes eléctricos tombados, 2.859 quilómetros (km) de estradas afectados e 671.6 quilómetros danificados.

Moçambique está em plena época chuvosa, que decorre entre Outubro e Abril, período em que foram já registados os ciclones Chido e Dikeledi, que afectaram igualmente o Norte do país.

Os ciclones atingiram o país entre Dezembro de 2024 e Janeiro deste 2025, com maior impacto nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, tendo afectado cerca de 736.000 pessoas e causado a destruição de infraestruturas públicas e privadas.

Eventos extremos, como ciclones e tempestades, provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afectando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.

O país africano é considerado um dos mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, mas também períodos prolongados de seca severa.

ELINA ECIATE (Texto e fotos)

Para ver a revista Prestígio de Março/Abril de 2025 clique

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *