A árvore da vovó
Certo jovem irrequieto e vaidoso, em convívio junto dos amigos, como é sabido, quem paga menos mais consome, foi violentado pela bebida alcoólica e descansou em uma árvore no quintal de uma idosa desconhecida.
De regresso à festa, ao ritmo da música que se tocava, dançava e abraçava a todos que por perto estivessem, como quem desse boas-vindas aos participantes!
– Comporte-se mano, estás em local desconhecido, disse o mais próximo do aniversariante, que minutos depois colocou-se em silêncio, mas a batida estava tão boa que o descontrole era a página por si escrita.
Teve a necessidade de aliviar-se, dirigiu-se a uma árvore na residência vizinha que por destino não estava vedada.
No entanto, não percebera que por baixo da mesma (árvore) jazia o proprietário da casa, que tradicionalmente para sua comunicação colocaram pequenos retalhos de tecidos de diferentes cores, para além de farinha de milho, prato aberto, pedaços de carne, tabaco e bengala espetada. Coisas mesmo de tradição respeitada e um copo vazio para matar a sede daquele defunto.
A pequena mata e estado em que o jovem estava não deu espaço para apreciar aquele local de tradição (kupasha) que a idosa usava para se comunicar com os demais familiares.
Horas depois a reacção começa para com o jovem, que despia na rua, proferindo palavras injuriosas e despercebidas no seio dos que o ouviam.
Ninguém acreditava, era um indivíduo aberto e conversador, o que deixava a dado momento o lamentar por cada um que o visse.
Uma conduta desumana, principalmente à luz dos que o conheciam, afinal conviveram juntos na última festa que por sinal ele mostrava total ânimo para além da felicidade que espalhava junto dos demais participantes no evento.
A proprietária da residência ouviu o clamor da vizinhança, mas pela conta da fúria que carregava não deu espaço.
Esta resmungava, varrendo seu quintal e podava as árvores, mas com zanga por conta do cenário que tivera sucedido.
O tempo foi passando, o jovem piorava, mas nem tudo o que provocamos tem simples cura. Era necessário a intervenção dos médicos tradicionais com objectivo de perceber qual doença apoquentava o jovem.
A idosa, em silêncio no seu canto, não se meteu em nenhum atrito que culminara por ser notificado pela Associação dos Médicos Tradicionais (AMETRAMO) para justificar o seu acto.
Confiante em seus instintos, sob protecção dos seus espíritos, a idosa caminhou ao local chamado que, por conseguinte os búzios indicavam para a evasão do seu quintal por um cidadão.
Questionada a idosa pelos tradicionalistas, disse não ter outra saída para cura do envenenado para além deste morar em sua casa e tornar se seu esposo, que para espanto de todos o visado acabou hipotecando seu pobre futuro, tirando a idosa da solidão.
Existe uma fala comum que é: “para tudo tem jeito, só não tem jeito para a morte!” Foi por estas palavras que o jovem reflectiu para a saída daquela situação, que por sorte teve onde viver uma vez ter sido abandonado pelos pais.
Este acto leva à reflexão, que ao receber determinado convite antes de início da cerimónia, procure saber onde fica o quarto ou casa de banho, evitando perigar a sua própria vida, tal como o jovem que viu, estagnado por ter urinado em uma árvore na casa da vovó.
Este artigo intitulado “Das duas uma, ou ambas” foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 17 de Abril de 2025, na rubrica de opinião denominado OPINIÃO
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