A viatura do neto
Semanalmente passeava na sua viatura comprada na terra de Rand, quando lá foi para busca de mais um pão para seu sustento.
A família toda alegre, já não caminhava, como o habitual, mesmo em locais próximos tinha que mostrar aos demais o quanto valeu o suor da aquisição da viatura cuja marca é Isuzu KB200.
Certo dia, com vontade de fazer-se à praia, a viatura começa a dar maus sinais, carecendo de alguma intervenção mecânica ou de quem melhor entende da área, mas o proprietário não permitia que qualquer um a mexesse, sem antes consultar ao seu revendedor.
Para quem não era dado boleia, começa com pequenos gestos de gozo e risadas.
Pânico entre os passageiros. A avaria era maior e significativa que os debaixo do cajueiro não conseguiram reparar.
Contactou aos demais para reboque. A máquina não se moveu, escurecia a cada minuto, a preocupação crescia.
Pediu ao seu irmão mais novo para guarnecer o objecto que pela manhã iria com alguns técnicos dos mais respeitados naquela região.
Assim aconteceu, no dia seguinte se fez ao local para a devida reparação, mas nada deu certo. Foi rendido o casula que ao regressar a casa contou com maior satisfação o que estava a acontecer.
A família pretendia ver a viatura antes de sua circulação para que o devido “baptismo” fosse feito, através de ritual da qual a avó preparou parte de ervas para esfregar em cada roda daquela máquina.
Pasmo ficou o proprietário do carro, mas tinha que responder positivamente à acção do seu mais novo, que para efeito tinha sido orientado pelos avôs.
Não se tratava de uma avaria mecânica, mas sim “zanga da velha por não ter sido apresentado, muito menos fazer-se ao carro antes dos outros e ouvia apenas dizer que o neto tinha um meio circulante”.
Parecia montagem, mas assim que terminou com a cerimónia, de acordo com a instrução dada pela olheira, o carro funcionou normalmente tendo o homem levado a casa.
Ao chegar, lhe é questionado por parte da família no que estava a acontecer. A velha escovava a sua mulala, olhando com firmeza para melhor perceber das palavras a serem proferidas, o que levou o homem a redimir-se perante sua família.
Por mais que o valor da compra da viatura seja do trabalho por si realizado, a velha portava-se de forma diferente, uma vez ter sido ela a suportá-lo na conquista do emprego.
Deixou claro que nem tudo o que se adquire deve fazer-se uso sem informar aos tradicionalistas.
É por esta razão que parte do pessoal que se faz à terra de alheio para um devido trabalho e não regressam à sua proveniência para evitar situações de género, tal como o neto que [quase] viu a sua vida hipotecada pela avó.
Este artigo intitulado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 02 de Maio de 2025, na rubrica de opinião denominado OPINIÃO
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