Rofino Licuco condenado
O Tribunal Judicial de Maputo condenou hoje Rofino Licuco a três anos e quatro meses de prisão com pena suspensa por agressão a Josina Machel, filha de Samora e Graça Machel, num acto que deixou a vítima cega de um olho.
Além da pena de prisão, o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo condenou Rofino Licuco, um empresário moçambicano, ao pagamento de uma indemnização de 200 milhões de meticais por danos não patrimoniais (2,7 milhões de euros) e de 579 mil meticais por danos patrimoniais (7.800 euros).
Num caso considerado de violência doméstica, o tribunal advertiu Licuco para pagar a indemnização à vítima num prazo de 30 dias, sob pena de recolher imediatamente à cadeia.
A justiça considerou que Josina Machel, 41 anos, perdeu a visão em resultado de uma agressão que sofreu em Outubro de 2015 por parte de Rofino Licuco, 39 anos, na altura seu namorado, durante uma briga numa das avenidas do centro da capital moçambicana, à saída de uma casa de pasto.
Em breves declarações à imprensa, após a leitura do veredito, Josina Machel considerou a condenação do ex-namorado “uma vitória para todas as vítimas de violência doméstica e uma homenagem às mulheres que morreram às mãos dos companheiros”.
“Sinto muita gratidão pelo sistema judicial, que apurou os factos, isto significa muito para as mulheres que todos os dias sofrem violência doméstica, outras morreram, passaram por momentos de pavor, pediram ajuda e não puderam estar aqui [num tribunal]”, declarou.
Josina Machel é a mais velha de dois filhos que Samora Machel, primeiro Presidente moçambicano e já falecido, teve com Graça Machel, activista social moçambicana e que mais tarde se casou com o líder histórico sul-africano Nelson Mandela.
Depois do caso de Josina Machel, a elite política moçambicana foi abalada pelo assassínio, em Dezembro do ano passado, de Valentina Guebuza, filha do antigo Presidente moçambicano Armando Guebuza, pelo marido, Zófimo Muiuane, na residência do casal em Maputo.
Os casos de violência doméstica relacionados com duas das famílias mais influentes de Moçambique são vistos como um espelho da magnitude deste tipo de crime no país.
Redacção