Zigue-zagues e “xiguianadas”
Zigue-zagues – Está ao rubro o debate sobre as mexidas recentemente anunciadas nos preços dos combustíveis.
Uns discutem os valores, os propósitos e os impactos, enquanto outros se debruçam sobre os valores e os tipos dos combustíveis afectados.
Sobre os valores o foco inside basicamente sobre os critérios: agravar os preços do gás e quase manter o preço do gasóleo (que baixou apenas dez centavos) para muitos é simplesmente absurdo, dado o impacto social destes combustíveis.
Por estes dias em que os teclados das calculadores não sossegam, há quem, inclusive, foi ao extremo de agregar os “velhos” e os “novos” preços e concluiu que, ao fim ao cabo os preços dos combustíveis subiram (239,9 meticais na globalidade) contra os anteriores 236,23. Estamos em 2017 e não não em 1975.
“Xiguianadas”
Porque já muito se discutiu sobre a pertinência das “presidências abertas” e das visitas aos ministérios, prescindindo de insistir nessa “tecla”.
Todavia, gostaria de, mesmo sabendo que quem tem a faca e o queixo quer, pode e faz, questionar sobre a relevância de receber o Chefe de Estado nas suas surtidas pelos territórios e/ou pelouros visados com todos os “quadros” trajados à xiguiana, como sói se dizer.
Serão aquelas capulanas adquiridas por recursos resultantes de contribuições dos utilizadores ou os valores para a sua aquisição são pura e simplesmente retirados das contas bancárias ou caixas de fundo de maneio das instituições?
É que, sendo pagante de impostos e sabendo que o Estado é, em parte, alimentado pelo dinheiro que regularmente sou cobrado apenas porque trabalho, gostaria de ter a certeza da proveniência desse dinheiro, para dormir mais descansado ou me sentir, uma vez mais, roubado sem nada poder fazer.
Cá pelas bandas da região Sul de Moçambique, o suborno virtualmente formalizado nas rodovias envolvendo alguns agentes corruptos da polícia de trânsido e motoristas de “chapas”, literalmente colocados pela força da sua circunstância laboral numa situação de “entre a espada e a espada”, tem a designação popular de “refresco”. Na região Norte, a mesma prática é designada por “sanduíche”, pelo facto de consistir no inserir de uma nota – no mínimo de 50 meticais – no livrete e, sem muitas delongas, estender o braço do condutor para o agente…
E assim vai Moçambique!
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão em PDF do jornal Correio da manhã, na sexta-feira (19 de Maio de 2017), na rubrica semanal TIKU 15, da responsabilidade de REFINALDO CHILENGUE