NYT sacrifica editores

Os editores e jornalistas do The New York Times (NYT) ficaram a saber esta semana que a porta da direcção está aberta para negociarem a saída. Se no final do processo ainda houver um buraco no objectivo, os responsáveis do jornal vão despedir funcionários — de preferência editores — para contratarem 100 jornalistas.

A notícia foi avançada pelo “Huffi ngton Post”. Pouco depois, a Redacção recebia dois  comunicados — um do director e do chefe de Redacção, e outro enviado pelo “publisher” do jornal.

“O nosso objectivo é transferir de forma significativa o peso dos editors para os repórteres, para termos mais jornalistas no terreno a trabalhar em histórias nossas”, escreveram Dean

Baquet e Joseph Kahn.

A ideia é negociar as saídas (ou despedir, se não houver candidatos suficientes) dos responsáveis pela revisão dos artigos escritos pelos jornalistas — editores que têm as mais variadas tarefas, da correcção ortográfica à revisão da estrutura do texto, ou das propostas de novos ângulos para a história à verificação dos factos.

O objectivo é substituir as camadas de filtros que existem no The New York Times entre o momento em que uma notícia é feita e a sua publicação, e pôr nos seus lugares um único grupo de editores “que serão responsáveis por todos os aspectos de um artigo”, de acordo com a notícia do jornal.

O processo de saídas no The New York Times (é o 6.º desde 2008 e em 2014 houve despedimentos) foi criticado por vários analistas, por recair sobre os editores. “Está a desaparecer um certo nível de escrutínio e de controlo de qualidade”, disse ao The

New York Times Rick Edmonds, do instituto Pointer, sublinhando que os editores em causa desempenham tarefas importantes para a qualidade dos textos.

Ainda mais criticada do que as negociações para a saída de editores  e jornalistas foi o afastamento da provedora dos leitores, Elizabeth Spayd. A antiga chefe de Redacção

do The Washington Post estava no cargo desde Julho do ano passado

e foi sempre muito criticada pela forma como o exerceu. É um cargo independente da Redacção, mas com acesso a ela, que recebe críticas dos leitores e confronta os jornalistas,

fazendo uso da sua experiência para responder com o máximo de independência  possível.

O “publisher” do jornal, Arthur Sulzberger Jr., disse que a função de provedor do leitor está ultrapassada, podendo ser substituída pela filtragem dos utilizadores de redes sociais e leitores — o The New York Times vai abrir a maioria das suas notícias aos

comentários, algo que só acontece em cerca de dez por cento dos textos.

Alexandre Martins (do jornal Público de Portugal)

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