Chimoio aniversariante

Em tradução literal de Chiteue – língua mais falada no território – para Português, Chimoio significa “Pequeno coração” e faz hoje (segunda-feira, 17 de Julho de 2017) 48 anos depois de elevada à capital da cidade.

Actualmente habitada por aproximadamente 330 mil almas, já ostentou a cobiçada categoria de cidade mais limpa de Moçambique, quando apenas possuía cerca de 70 mil habitantes, título que não consegue assegurar hoje, na posse de Inhambane (Sul do país).

Será um dia caracterizado por celebrações e lamentações ao longo dos seus 33 bairros residenciais preenchendo uma superfície total de 174 km2 da cidade planáltica  -Chimoio, capital da província central de Manica.

Para sentir o pulsar desta urbe que no período colonial era chamada Vila Pery, também conhecida por “planalto central” moçambicano, a Reportagem do Correio da manhã abordou alguns munícipes, que, mesmo reconhecendo alguns progressos na cidade resultantes da urbanização e do desenvolvimento natural, exprimiram algumas críticas, designadamente aquilo que rotularam de “tratamento diferenciado” que os gestores da urbe reservam à área urbana e periurbana.

Identificou-se apenas como Carolina, e disse ser docente na Escola Pré-Universitária Samora Moisés Machel. Lamentou o facto de a edilidade priorizar o centro da cidade em detrimento dos bairros periféricos.

“O município apenas dá prioridade ao centro da cidade na limpeza, abastecimento de  água e electricidade e, até mesmo no policiamento, o que não se verifica nos bairros suburbanos”, lamentou a nossa entrevistada.

Esta professora deplorou ainda o facto de, apesar da alegada deficiente prestação de serviços entre as duas secções da capital de Manica, na hora das taxas não existir discriminação alguma.

“Há muito lixo e criminalidade aqui em Chimoio. Exemplo dessa situação é o que se verifica aqui no Bairro 2, por sinal onde está localizada a escola onde trabalho”, prosseguiu a professora Carolina.

Arlindo Mbofana, vendedor no Mercado Grossista Francisco Manyanga, vulgo 38mm, é outro munícipe de Chimoio que fez o seu depoimento ao Correio da manhã.

“Conforme vê, aqui convivemos com o lixo, os homens do município apenas aparecem para efectuar cobrança das taxas”, desabafou,acrescentando que “nas nossas facturas de consumo de electricidade igualmente consta a taxa de recolha de lixo, um serviço que nunca constatamos”.

Um dos pontos da hoje aniversariante Chimoio
Um dos pontos da hoje aniversariante Chimoio

Raul Conde, edil de Chimoio, “dá a mão à palmatória” e, em entrevista ao Correio da manhã no “Pequeno coração” reconheceu legitimidade e justeza de algumas das lamúrias dos munícipes e prometeu redobrar esforços no desempenho para melhorar a situação.

“São preocupações que fazem parte do desenvolvimento da nossa cidade. Da nossa parte decorrem esforços para acompanhar o ritmo por forma a corresponder aos anseios dos nossos ‘patrões’ – munícipes”, disse o presidente do Município “contemplado” pelo monte chamado “Cabeça do Velho”.

“Impossível comparar a gestão de uma cidade de apenas 70 mil habitantes, quando a nossa urbe era considerada a mais limpa de Moçambique, quando hoje estamos a falar de aproximadamente 330 pessoas”, argumentou o edil Conde, frisando que nem por isso “vamos atirar a toalha ao chão”.

Chimoio tem a particularidade de estar a 87 quilómetros da fronteira (de Machipanda) com a vizinha República do Zimbabue e a 198 quilómetros da Beira (a ainda considerada segunda mais cidade de Moçambique).

Benedito António, correspondente em Manica

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *