III idade: Hoje sou eu!
Hoje em dia, na sociedade africana, no geral, e na moçambicana, em particular, tem-se verificado um elevado índice de discriminação da pessoa da III idade, ou seja o idoso.
Em muitas famílias da sociedade moçambicana o idoso é considerado um fardo. Estas fogem das suas obrigações, usando vários argumentos sem nenhum fundamento e violando os direitos deste grupo etário. Isso é constatado no dia-a-dia.
Uma das primeiras violações dos direitos da pessoa idosa está relacionada com a alegada prática de feitiçaria pelos idosos, prática que supostamente prejudica os seus próprios filhos e/ou parentes próximos.
A isto se junta a apropriação dos seus bens, pensões e outros rendimentos e até humilhações ao idoso pelos seus familiares, sem motivos aparentes.
Aqui vai uma questão: se o dono dos bens é feiticeiro, neste caso o idoso, será que os seus bens não levam consigo o feitiço do dono?
Perante este drama que a pessoa idosa tem enfrentado, o Governo da República de Moçambique, no ano de 2013, envidou esforços para a aprovação da lei de promoção da pessoa idosa, que gradualmente está a minimizar o sofrimento deste grupo.
Esta lei preconiza um conjunto de valores como o direito à vida, alimento, vestuário, assistência médica e medicamentosa, habitação condigna, entre outros.
Afinal de contas onde andam os parentes desses idosos, parte dos quais perdeu a juventude a cuidar dos mesmos filhos que hoje os rejeitam?
Enfim, vai aqui uma chamada de atenção: hoje somos jovens, amanhã seremos idosos. Vamos cuidar e proteger os nossos idosos, para que as chamadas “bibliotecas vivas” gozem do nosso amor no seio familiar e social.
Hoje sou eu, amanhã serás tu!
Sara Jacinto Bulo
Este texto foi publicado em primeira mão na versão PDF do Correio da manhã no dia 24 de Outubro de 2017, na rubrica semanal REFLEXÃO PROFUNDA!