Mercedes vs austeridade?
Só pode ser por pura paixão governamental a desmesurada apetência por viaturas da marca alemã Mercedes Benz. E, para não variar, acabamos por tomar conta pelo anúncio da Unidade Funcional de Supervisão das Aquisições (UFSA), publicado no jornal Notícias!
E porque o vício tem requintes insanáveis, o Governo está-se marimbado para o caos económico em que o país se encontra por obra engenhosa daquela “gang” que uniteralmente foi ter com agiotas da praça internacional, em nome de uma alegada “defesa da soberania” e fornicaram a pátria e os seus concidadãos.
Até os “verdadeiros” donos da soberania, conhecidos por doadores ou parceiros de cooperação, suspenderam a ajuda de sempre, por causa dessa “bolada” que deixou o país de tangas e fez uma “gang” milionária.
Mesmo com esses efeitos, na vez da sinfonia da orquestra comandada por Filipe Nyusi, o pudor acaba de ser exposto, por conta da velha, e, quiçá, eterna paixão pelo Mercedes Benz. São 45 viaturas e estão orçadas em 120 milhões de meticais, mas não há dia em que não se vislumbram “My loves” nas ruas da capital, porque o Governo não consegue providenciar serviços públicos.
São 120 milhões que poderiam construir escolas e unidades sanitárias, que poderiam ser empregues na dignidade de milhares que morrem por fome e malária.
É esse o preço que o povo, qual “único e exclusivo patrão”, terá de pagar?
Que apetência é esta por viaturas de alta cilindrada que os dirigentes têm na pele?
Há poucos meses assistimos a demanda de 18 viaturas da mesma marca para os membros da Comissão Permanente da Assembleia da República.
É vício requintado de gozo. Não há sensibilidade nenhuma. É puro masoquismo.
Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: Para Mercedes Benzs não há medidas de austeridade?
LUÍS NHACHOTE
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do Correio da manhã no dia 01 de Novembro de 2017, na rubrica semanal DO LADO DA EVIDÊNCIA