Portugal superior a todos…

Portugal – Gosto de ver o amor pela pátria e seus concidadãos do povo português!

Quando há um acontecimento internacional, seja desportivo, político ou cultural, onde participa um conjunto ou cidadão português, já se pode antever a manchete de notícia, seja ela em suporte televisivo, impresso ou radiofónico.

Quando o Real Madrid ganha, no instante a seguir, a manchete será: “Cristiano Ronaldo marcou ou falhou no jogo tal…”, colocando o cidadão português num patamar superior ao dos seus demais colegas. Tratando-se de uma queda de avião… a manchete seria “x portugueses envolvidos na queda de uma aeronave…”

É um patriotismo exacerbado, que julgava tratar-se apenas da media portuguesa. No entanto, as recentes exigências do Governo/Estado Português ao Governo moçambicano transmitem um posicionamento de povo superior ao outro, suplantando as premissas de relações públicas internacionais que sustentam a necessidade de anarquia entre os povos, ou seja, não existe um povo superior ao outro.

Ainda nutre o orgulho de pioneiro na navegação marítima e na frente do Cabo das Tormentas por Bartolomeu Dias.

O Governo Português exige uma resposta por parte do Governo moçambicano sobre a morte de uma cidadã e desaparecimento de outro, no nosso território, no primeiro caso, referente ao português desaparecido durante o período de hostilidades militares na zona Centro do país, supostamente, logístico da Renamo, no segundo caso, uma cidadã foi morta e atirada ao Rio Púnguè por um grupo de indivíduos.

Sem querer desvalorizar as vidas perdidas e sofrimento das suas famílias, creio que estas não ocorrem tendo como base a nacionalidade, mas sim enquadram-se nos problemas sociais na República de Moçambique, sendo que Moçambique não é uma ilha, quando se trata destes assuntos.

Como cidadão, patriota, estas exigências fizeram-me lembrar os massacres de Mueda e de Wiriamu, da morte de Maguiguana, Ngungunhana, entre outros, sobre as quais até hoje o Governo Português não deu satisfação alguma.

O cidadão até então desaparecido, por supostamente ter sido raptado pela Renamo ou morto pelo tão propalado esquadrão da morte ocorreu num cenário idêntico ao de vários moçambicanos mortos dentro de palhotas através de lançamento de granadas, lançados ao mar como no caso da cova dos assassinados em Inhambane (Buraco dos assassinados/assassinatos) por supostamente apoiarem a causa da libertação nacional – os famosos “turras”.

A morte da cidadã Inês Botas foi acto de malfeitores.

Quando imigramos para uma determinada área geográfica, estamos sujeitos às condições e cenários que encontramos nesse local.

Ainda me recordo de um ilustre dirigente desportivo moçambicano, preso nos Emirados Árabes Unidos por apreciar uma cidadã local, acto proibido pelos costumes locais.

Ainda me lembro da cidadã moçambicana Mónica Novela, condenada a pena capital na Tailândia por tráfico de drogas, onde humildemente o Presidente da República em exercício, Armando Guebuza, solicitado aos tailandeses para não tratarem a nossa cidadã segundo os seus costumes.

Nós, moçambicanos, somos amados por quem nos visita, apreciando a nossa hospitalidade, tal como caracteriza o apresentador moçambicano Gabriel Júnior (Moçambique, quem te conhece não te esquece jamais).

Quem nos visita descobre as potencialidades de Moçambique que nós não conhecíamos e abraçamos as suas causas.

Nós, moçambicanos, não somos xenófobos.

Pedro Langa

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã,  edição de 05 de Janeiro 2018, no espaço reservado aos artigos de opinião.

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