Morreu Afonso Dhlakama
O histórico líder da Renamo, general Afonso Macacho Marceta Dhlakama, morreu na manhã desta quinta-feira nas matas da Gorongosa, na província de Sofala, centro de Moçambique.
A notícia, que ainda carece de confirmação oficial do partido Renamo, foi dada ao Correio da manhã por um elemento da “perdiz”, que entretanto pediu para não ser citado, por não ser fonte autorizada.
“Ele perdeu a vida esta manhã, por volta das 08h00, quando estávamos a preparar para transportá-lo para melhor assistência médica fora do país”, disse o nosso informante.
“Já tínhamos tratado do Passaporte, fretado uma aeronave que deveria levá-lo para assistência no Maláui e, se se mostrar necessário, no Quénia, como era preferência do velho [como era respeitosamente tratado Dhlakama pelos seus seguidores] ”, afiançou a fonte.
Os responsáveis da Renamo com idoneidade para confirmar ou desmentir esta informação alimentaram, de certa forma, suspense sobre o assunto, por se fechar em copas, negando comentar ou simplesmente rejeitando chamadas ou desligando os telefones.
A chefe da bancada parlamentar da Renamo na Assembleia da República, Ivone Soares – que também é sobrinha de Dhlakama –, simplesmente desligava o telefone sempre que tentávamos entrar em contacto com ela.
O porta-voz oficial da Renamo, José Manteigas, mandava uma outra pessoa atender o telefone, alegadamente porque estava a conduzir, “na província de Inhambane”, prometendo retornar a chamada, o que não mais aconteceu até ao fecho da presente edição.
Com voz embargada, Fernando Mazanga, vogal da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e que em tempos foi porta-voz oficial da Renamo disse não possuir informação suficiente para se pronunciar sobre a matéria.
“Não sou a pessoa indicada para confirmar o desmentir essa informação. Não tenho dados suficientes para tal”, foi nestes termos que nos respondeu Mazanga, conhecido pelos seus dotes excepcionais de oratória.
António Pedro Muchanga, deputado na Assembleia da República e outro antigo porta-voz da Renamo também negou confirmar o desmentir a alegação de que Afonso Dhlakama teria morrido por doença nas matas de Sofala.
“Estava numa cerimónia fúnebre e quando pego o telefone vejo que está cheio de mensagens falando sobre isso [morte de Dhlakama]. Ainda não sei de nada. Vou tentar falar com alguns comandantes lá nas montanhas depois te digo algo”, disse Muchanga, mas até ao fecho da presente edição não mais voltou a nos contactar.
A Renamo, com um sistema de telecomunicação extremamente eficiente, foi sempre célere em desmentir anteriores insinuações infundadas sobre morte de Dhlakama, mesmo nos momentos críticos dos confrontos militares que ciclicamente assola(va)m Moçambique envolvendo tropas do governo e activistas residuais armados da “perdiz” .
Nascido em 01 de Janeiro de 1953, Dhlakama lidera a Renamo há quase 40 anos, em substituição do fundador do movimento, André Matadi Matsangaissa, morto em combate em Manica, coincidentemente sua terra natal.
Diz-se que Afonso Dhlakama padecia de várias enfermidades, incluindo diabetes e problemas de tensão arterial crónicos e nos últimos dias o seu estado de saúde se havia degradado de forma cavada e “já apresentava a barriga e pernas inchados”, conforme uma fonte que estava sempre próximo do lendário político-militar moçambicano.
Os restos mortais de Afonso Dhlakama são esperados esta sexta-feira na cidade da Beira, onde reino um ambiente de pesar nodos militantes da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
A morte de Dhlakama poderá perturbar de alguma forma ao actual ciclo eleitoral deste ano (eleições municipais em 10 de Outubro) e gerais em 15 de Outubro de 2019.
A morte de Dhlakama vai abrir um período de disputas pela sua sucessão, com Ivone Soares e Manuel Bissopo, actual secretário-geral do partido em destaque, na esfera política, enquanto na ala militar o general Thomas Maquinze parece não ter rival.
Redacção