Ramaphosa no poder há 90

Matamela Cyril Ramaphosa completa 90 dias no poder esta semana como chefe do Estado sul-africano.

No seu primeiro discurso depois da tomada de posse, Ramaphosa prometeu uma nova era na África do Sul, após nove anos do governo de Jacob Gedleyihlekisa Zuma acusado de corrupção generalizada e nepotismo.

Analistas dizem que Ramaphosa prometeu muito, mas o tempo está a passar sem nada de concreto no terreno. Consideram que o presidente Matamela está ocupado com Relações Públicas: caminhada e fotografias com quem quiser na rua.

A África do Sul enfrenta enormes problemas que devem ser resolvidos a partir do primeiro dia em que um líder assume o poder. Cerca de 10 milhões de jovens com ou sem formação académica não têm emprego no sector formal da economia mais industrializada no continente.

A maioria da população negra ocupa apenas quatro porcento de terra no seu próprio país.

Em cada três minutos uma mulher é sexualmente violada ou assassinada pelo seu parceiro ou por alguém conhecido na África do Sul.

Neste país pelo menos 50 pessoas são assassinadas por dia em circunstâncias de crime violento – dados oficiais da Polícia.

Matamela Cyril Ramaphosa colocou a fasquia da sua liderança muito acima das expectativas.

Para alguns analistas, a lua-de-mel de Ramaphosa acabou e nada acontece no país, excepto discursos de retórica de nova era.

Outros consideram que Ramaphosa pode não ficar 10 anos no poder, porque os sul-africanos já estão cansados de promessas vazias nas comunidades.

Dizem que o ANC, partido no poder desde 1994 é o maior culpado daquilo que consideram falta de acção em prol das comunidades e dos desempregados.

Depois do 54º Congresso do ANC realizado em Dezembro de 2017 o movimento político mais antigo em África continua a enfrentar problemas de divisão interna.

A destituição de Jacob Zuma antes do final do seu segundo e último mandato na chefia do Estado criou uma espécie de guerra fria dentro do ANC.

Os adeptos de Zuma procuram minar o funcionamento da nova administração, prejudicando o pobre nas comunidades.

Em 90 dias no poder, Cyril Ramaphosa ainda não mudou nada na África do Sul. O pobre está a espera.

THANGANI WA TIYANI

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 03 de Maio de 2018, na rubrica O RANCOR DO POBRE.

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