Gonazololo vs hipocrisia

Fechou no domingo passado (02Set18) mais uma edição da FACIM, justamente a 54ª, certame que, tal como o evento de 2017, teve no Gonazololo como a “menina dos olhos” por todos desejada ao ponto de suscitar enormes filas em sua busca, obrigando à constante reposição de stocks.

Efectivamente, aquele pó acastanhado que os que o provaram reputam-no de extremamente amargo, até mereceu espaços de antena em tvs e rádios nacionais, parangonas em páginas de meios impressos, para não falar das redes sociais. Foi o delírio geral até com honras de diploma atribuído pelos organizadores do evento.

Nome de origem sena (falado em Manica e Sofala), composto por Gona que significa “dormir” e Zololo que quer dizer “de pé”, forma a palavra Gonozololo = “dormir de pé” e numa definição lato sensu pode significar “passar a noite predisposto ao acto”.
Independentemente de toda a vaga de comentários, o que parece ser verdade é que aquele pó terá devolvido felicidade em alguns lares e uniões, dado o seu poderio de proporcionar uma severa e prolongada erecção masculina.

Sintomaticamente, neste nosso país de fingidos brandos costumes, abundaram críticas ao pó que tanto em 2017 como neste 2018 provocou filas de compradores de pessoas de todos os géneros e faixas etárias, espantosamente com a camada juvenil a se destacar.

Diploma de honra concedido à província de Sofala, "berço" do gonozololo
Diploma de honra concedido à província de Sofala, “berço” do gonazololo

Que dizer dos comentários atribuídos a Trump, o Donald, actual inquilino da Casa Branca de Washington DC, sobre os negros, quanto ao sexo…

Não direi se sou a favor ou não do cultivo, disseminação e promoção do produto mas me parece que ele tem aceitação no mercado nacional (e quem sabe além fronteiras também) como aquela pílula azul com a qual algumas farmacêuticas estão a fazer fortunas.

Não estaremos a ser escravos voluntários da nossa hipocrisia?

E, por falar em hipocrisia: a edição deste ano da FACIM veio deixar a nu essa característica que marca muitos de nós, moçambicanos.

Como é que, num evento que tinha como projecção atrair pelo menos 95 mil visitantes é classificado de “bem-sucedido”, quando se queda em menos de metade do esperado (cerca de 40 mil visitantes)?

Idem quando o número de expositores nacionais baixou de 1500 para 1386, o de estrangeiros caiu de 600 para 200?

Só nós mesmo podemos de ver as coisas nesse prisma, o mesmo acontecendo quando o Metical está aos trambolhões, de novo (vide Correio da manhã Nº 5398, pág. 3), e se grita que o mesmo está robusto!

Talvez porque o combinado no dia da abertura do evento foi que por Ricatla não se dev(ia)e falar da crise…

REFINALDO CHILENGUE

NA: O TIKU 15! sai habitualmente às sextas-feiras, mas por esta calhar num feriado  nacional (07 de Setembro), aqui está de forma antecipada.

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 05 de Setembro de 2018 na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE. Caso esteja interessado em receber regularmente a versão PDF do jornal Correio da manhã manifeste esse desejo através de um correio electrónico para corrreiodamanha@tvcabo.co.mz, correiodamanhamoz@tvcabo.co.mz, ou geral@correiodamanhamoz.com.

Também pode ligar para o 84 1404040, 21305326 ou 21305323.

Gratos pela preferência

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *