Pudim envenenado

Pudim envenenado – O primogênito de Armando Emílio Guebuza, antigo Presidente da República, Armando Ndambi Guebuza disse, através do seu advogado Alexandre Chivale, que a família Guebuza estava a correr um sério risco de vida porque, segundo ele, a irmã foi assassinada, em 2016 pelo próprio marido. Agora havia servido à família um pudim pulverizado com pesticida orgânico fosfórico. Essas declarações visam obter a compaixão do público.

Quem, de facto, serviu uma taça de pudim ao povo moçambicano foi a família Guebuza, designadamente, Armando Guebuza, o pai, Armando Ndambi Guebuza, Mussumbuluco Guebuza e a sua quadrilha.  Reclamar o contrário é um autêntico insulto ao povo que vive sufocado pelas dívidas inconstitucionais que deixaram o país de rastos. Quem serviu pudim pulverizado com pesticida orgânico fosfórico ao outro? A família Guebuza pode contorcer-se de dor que o povo não irá ajudar a chorar a quem tanto lhe prejudicou.

Ndambi Guebuza insinuou que o envenenamento havia sido orquestrado por “alguém que quer ganhar eleições a todo o custo”. Dispensamos qualquer comentário. Está mais claro a quem se refere. Trata-se lutas intestinais no seio da FRELIMO. Ndambi Guebuza não se deve lembrar do que o “paizão” disse quando foi chamado pela comissão de inquérito parlamentar. Guebuza disse, sem um pingo de arrependimento do mal que fez ao povo, que voltaria a proceder da mesma maneira, se as condições fossem similares. Queria ele dizer que sempre que fosse oportuno e em situações similares, voltaria a violar a Constituição e a orçamental. Melhor dito ainda, voltaria a apunhar o povo.

Somos contra qualquer atentado à vida da família Guebuza e todos os moçambicanos. Que ninguém seja jogado ao mar, como o partido FRELIMO fazia aos suspeitos nem atirados em valas com lenha regada com gasolina, como fizeram aos ditos reaccionários, em M’telela, na província de Niassa. Nem “acompanhar” os suspeitos, na calada da noite, para uma viagem sem regresso, como é frequente nas prisões moçambicanas. Aos que fizeram a contratação das dívidas ilegais, que enterraram o país, desejamos que sejam todos eles, sem excepção, presos, julgados e, aos condenados, expropriado os bens adquiridos com o dinheiro da gatunagem. Se a família Guebuza for envenenada, o Estado fica a perder enquanto Guebuza e os seus comparsas forem condenados, ser-lhes-ão expropriados os bens adquiridos através de esquemas da corrupção.

Somos pela prisão dos que se beneficiaram dos fundos das dívidas odiosas, mesmo daqueles que receberam um cêntimo de dólar dessas dívidas como assessores. Aqui reside a razão de tanta arrogância. Eles têm a pança cheia de dinheiro sujo. Sabemos de onde vem o dinheiro com que adquiriram carros de alta cilindrada que nos escandalizam. Eles dizem para o povo não ter medo de ficar ricos, mas, não revelam a fórmula que usam para terem tanto dinheiro. Sabemos que roubaram muito dinheiro e atiram as suas dívidas para o povo pagar. Sabemos que, em conluio com funcionários corruptos dos bancos, aldrabaram investigadores para arrecadarem dinheiro para eles.

O Estado moçambicano e o povo não devem nada a ninguém, por isso, não têm nada a pagar. A estória do pudim pulverizado com insecticida orgânico fosfórico não nos comove. Pensamos que não comove aos sul-africanos e muito menos ainda aos norte-americanos que tanto os quer ver sentados no banco dos réus, lá em Nova Iorque.

EDWIN HOUNNOU

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 22 de Fevereiro de 2019, na rubrica semanal denominada MIRADOURO

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