Moçambique em luto
Moçambique em luto – Uma vez pobre sempre pobre. Moçambique, Malawi e Zimbabwe têm cerca de 65 milhões de habitantes, segundo estatísticas de 2017.
A maior parte da população vive abaixo da linha de pobreza, ou seja, à base de menos de um dólar norte-americano por dia.
As suas condições de vida pioraram de dia para noite com a devastação provocada pela depressão tropical IDAI.
Em Moçambique, há receio de que o ciclone tenha causado a morte de mais de mil pessoas na região centro do país.
Entretanto, até a hora do fecho da redacção desta crónica, o governo não tinha declarado luto nacional.
O Conselho de Ministros realizou a sua sessão ordinária pela primeira na cidade da Beira, a segunda maior cidade de Moçambique, severamente destruída pelo ciclone.
Desconhece-se o peso financeiro de transportar mais de 20 ministros e vice-ministro para uma sessão na Beira.
A sessão podia ter acontecido em Maputo, mas tomando decisões importantes para socorrer rapidamente as pessoas que precisam urgentemente de salvamento, alojamento, alimentação e medicamentos.
Ladrões esfregam mãos para roubar o dinheiro ou bens destinados às vítimas. Sempre aconteceu com impunidade. No final da semana, vimos na televisão fogo de artifício e abertura de champanhe no estádio de desportos de Zimpeto, na cidade de Maputo, capital do país, em celebração de vitória desportiva quando milhares de pessoas estavam a morrer e a chorar na região centro.
É muita pena. O presidente Filipe Jacinto Nyusi interrompeu no último dia uma visita de Estado ao vizinho Reino montanhoso de eSwatini, antiga Suazilândia, depois de chuva de críticas nas redes sociais por internautas dizendo Nyusi viajou para eSwatini quando as províncias de Sofala, Tete e Zambézia estavam submersas por causa de fortes chuvas.
O mesmo aconteceu com o seu homólogo do Zimbabwe, que estava em visita nos Emirados Árabes Unidos, e só interrompeu a visita na sequência de críticas nas redes sociais. Falta de sensibilidade ou maus conselheiros que isolam líderes do sofrimento dos povos que os escolheu e eles juraram dedicar suas energias servindo os eleitores – verdadeiros patrões empregadores.
Valores sociais estão em degradação acelerada em África.
A vida humana não é respeitada. Ainda me lembro do respeito pela vida na minha aldeia.
Em caso de morte, a aldeia decretava automaticamente luto e ninguém ia cultivar na sua machamba até depois de funeral. Vizinhos casais abstinham-se de relações sexuais nos seus quartos por algum tempo, cerca de uma semana, até depois de cerimónia de purificação dos participantes activos no falecimento.
São práticas culturais em extinção por culpa da sociedade que se rendeu à cultura importada.
Paz às almas das vítimas do IDAI.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 20 de Março de 2019, na rubrica semanal denominada O RANCOR DO POBRE
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