Temos motivos para sorrir
Sim, compatriotas, celebremos! Aliás, exaltemos a pátria de verdade, porque (ainda) temos motivos para sorrir, e bastantes.
Somos sortudos, mesmo ante esta tragédia chamada Idai que varreu boa porção de pelo menos quatro províncias deste nosso maltratado Moçambique: Sofala, Manica, Zambézia e Tete.
Descontemos que estamos a ser desgovernados por um grupo de pessoas que, no entender de alguns concidadãos, não possui políticas públicas preventivas.
Ignoremos que estamos a ser desgovernados por um grupo de pessoas que, para outros compatriotas, apenas espera pelos desastres para depois gritar, de mão estendida, clamando por apoio interno e externo.
Uns parênteses aqui para recordar que para além de Moçambique, esta tragédia flagela, também, os vizinhos Zimbabwe e Malawi.
Temos motivos para sorrir irmãos. Não somos os piores da zona! Depois me explico.
Minimizemos que neste país maltratado campeiam exibicionistas que se alegram com tragédias para camuflar as suas inaptidões e dar nas vistas com aparições pomposas diante de sinistrados desesperados, fingindo estar a fazer algo útil.
Vamos fazer de contas que não estamos a notar que há oportunistas feitos abutres que esfregam as mãos de contente por saber que começaram a chegar abundantes apoios de pessoas de bem, de dentro e de fora deste castigado Moçambique, que, ao invés de aplicá-los em benefício dos sinistrados, vão engordar ainda mais as suas contas bancárias, parques imobiliários, frotas de automóveis, aumentar o número de amantes e não sei mais o quê…
Temos motivos para sorrir irmãos, porque não somos os piores nesta região. Vou explicar porquê.
Deixemos de murmurar por causa das Pontes da Unidade sobre o Rio Rovuma, da ponte Maputo/KaTembe, do estádio do Zimpeto, da Vila e da Piscina daquele mesmo bairro.
Vamos deixar de resmungar alegadamente porque desde a independência do país poucas barragens foram construídas ao longo dos numerosos rios que rasgam esta pátria tramada, e celebremos, a sério!
Irmãos! Não estamos no fundo da tabela. Já lá vou.
Alguns se queixaram da visita do nosso Presidente da República ao reino montanhoso do Mswati III, em pleno auge da tragédia.
Há quem diz ter procurado, em vão, pelo edil da segunda maior cidade da dita “pátria de heróis” e do “maravilhoso povo”, em tempo de tragédia, porque andava sumido e por isso encontrou motivos para lamentar. Nada de grave por isso irmãos. Temos motivos para sorrir Irmãos: haja calma!
Nada de grave por isso, há piores cenários aqui ao lado, na “república da casa de pedra”…
Se os mais exigentes reclamam porque três dias antes já se sabia que vinha aí um brutal ciclone e não se foi para além de alertas e interrupções de algumas actividades, então que se imaginem a ser desgovernados por um presidente “crocodilo” que, depois da tragédia, se desloca para o local do drama bem fresquinho e perfumado, de helicóptero e acompanhado por uma outra aeronave idêntica que apenas transporta a tripulação, alguns soldados (carregadores) e alguns … sofás, para o excelentíssimo se sentar e interagir com os afectados pelas intempéries.
E mais: nada de distribuir seja lá o que for aos sinistrados pelas intempéries antes da chegada de Sua Excelência o Senhor Camarada Presidente, para a respectiva foto para os meios de comunicação social, esses que as más-línguas dizem ser como os cônjuges: “um mal necessário”!
A isso se pode catalogar de cúmulo da palhaçada desgovernativa. Mas acontece nesta África nossa.
Temos ou não motivos para sorrir irmãos?
Aqui está a evidência de que ainda há presidentes piores na zona.
Temos motivos para sorrir compatriotas, julgo eu!
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 22 de Março de 2019, na rubrica semanal denominada TIKU 15 !
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