Durban a ferro-e-fogo

Estrangeiros passaram a noite de terça-feira para quarta-feira em branco no bairro de Sydenham, na cidade costeira e turística sul-africana de em Durban, depois de um grupo de sul-africanos ter realizado incursões violentas contra imigrantes, pilhando bens nas lojas e residências.

Até ao fecho da redacção deste texto não havia informação sobre a situação de moçambicanos naquela zona de Durban, na província nortenha sul-africana de KwaZulu-Natal (KNZ), que faz fronteira com Moçambique.

Sul-africanos alegam que o presidente Cyril Ramaphosa anunciou no lançamento do manifesto eleitoral do ANC guerra contra estrangeiros ilegais na África do Sul.

Os estrangeiros afectados em Durban apelam ao presidente sul-africano a intervir.

Fugindo dos ataques violentos, os estrangeiros concentraram-se num descampado perto de esquadra da Polícia em Sydenham.

A representante de Deslocados Estrangeiros, Deborah Nkogka, afirmou que as vítimas consideram que o discurso do presidente Ramaphosa mal interpretado desencadeou ataques contra estrangeiros em Durban.

Ramaphosa disse no lançamento do manifesto eleitoral do seu partido a 12 de Janeiro passado que o governo vai tomar medidas duras contra estrangeiros sem documentos legais para viver na África do Sul.

Para Deborah Nkogka, parece que os atacantes interpretaram o discurso do presidente do ANC e do país como significando que estrangeiros devem ser afugentados do país.

“Penso que devemos dizer ao presidente para intervir”, apelou Deborah Nkogka, acrescentando que ela tem vídeo de Ramaphosa afirmando que não se importa quem são eles, de onde vem o certo é que vai lidar com todos aqueles que vem para África do Sul ilegalmente.

A representante acredita que sul-africanos usam o discurso para atacar estrangeiros, apesar de que o presidente referia-se apenas aos indocumentados e legais.

A vice-presidente municipal de Durban ou eThekwini, Fawzia Peer, visitou os deslocados na tarde desta quarta-feira e disse que os discurso do presidente foi mal interpretado por indivíduos oportunistas.

Caos nas ruas de Durban provocada por delinquentes que perseguem estrangeiros
Caos nas ruas de Durban provocada por delinquentes que perseguem estrangeiros

Fawzia Peer reconheceu que “alguns dos nossos membros removeram estrangeiros das suas residências às 03 horas da manhã”.

No entanto, Fawzia considera que não é violência xenófoba e prefere dizer que se trata de elementos criminosos que estão a desencadear estas acções, apelando para pararem com insinuações.

A vice-presidente municipal acredita que o presidente Ramaphosa não pode incitar a violência xenófoba contra estrangeiros.

Entretanto, na segunda-feira houve escaramuças insoladas em algumas zonas de Durban contra estrangeiros na sequência de áudios que circulam nas redes sociais incitando ataques contra estrangeiros empregados como motoristas de camiões de longo curso por empresas sul-africanos de transporte.

Carros foram queimados em algumas estradas de Durban, uma cidade propensa a ataques de xenofobia contra estrangeiros particularmente africanos.

Em Abril de 2015, a cidade de Durban foi abalada por onda de violência xenófoba contra estrangeiros, na sequência do pronunciamento do Rei Zulu Godwill Zwelethin acusando imigrantes de serem criminosos e traficantes de droga na África do Sul.

THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL

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