Xenofobia ou criminalidade
Três representantes do Governo sul-africano e alguns diplomatas de países de África e da Ásia decidiram activar uma task force, ainda esta semana, para lidar com xenofobia ou criminalidade contra estrangeiros que reacendeu há dias na África do Sul.
A decisão foi tomada na passada sexta-feira numa segunda reunião realizada em menos de uma semana envolvendo destacados membros do Governo da África do Sul e de alguns países de África, incluindo Moçambique, do Bangladesh e do Paquistão.
A reunião sobre xenofobia ou criminalidade juntando três ministros sul-africanos e diplomatas africanos, do Bangladesh e do Paquistão durou cerca de três horas e foi realizada à porta-fechada.
No final do encontro os três ministros sul-africanos, acompanhados pelo decano do Corpo Diplomático na África do Sul, o embaixador da República Democrática do Congo (ex-Zaire), disseram o que julgaram conveniente para os jornalistas que de fora aguardavam o fim dos trabalhos.
A chefe da diplomacia sul-africana, Lindiwe Sisulu, promotora dos encontros, disse que as duas partes chegaram à conclusão de que não seria possível lidar com o assunto de xenofobia ou criminalidade contra estrangeiros em apenas uma ou duas reuniões à porta-fechada.
Sisulu acrescentou que as partes decidiram formar uma equipa de trabalho composta por três ministros do governo sul-africano e dois representantes da comunidade diplomática.
Estrangeiros são bem-vindos, mas…
Durante a interação com os jornalistas a Lindiwe Sisulu disse que “estrangeiros são bem-vindos na África do Sul, mas devem obter documentação legal para fazer negócio ou trabalhar no país”.
A governante reconheceu que o nível de criminalidade é bastante elevado na África do Sul e assusta potenciais investidores necessários para criação de postos de trabalho.
A embaixadora de Angola na África do Sul, Maria Filomena Delgado, não se conteve e desabafou que é notória, de algum tempo a esta parte, a crescente insegurança na terra hoje governada por Criyl Ramaphosa, mesmo na zona residencial dos diplomatas.
A diplomata angolana disse esperar e desejar que o governo sul-africano tome medidas para inverter este cenário.
A ministra Lindiwe Sisulu acrescentou que o diálogo entre diplomatas e governo sul-africano deve ser permanente para esclarecer mal-entendidos, agravados pela circulação de falsas notícias, eminentemente nas redes sociais.
Para o ministro da Polícia, Bheki Cele, que sempre esteve ao lado de Sisulu nas duas reuniões da semana passada, “há comunidades de imigrantes que vivem em paz com sul-africanos”.
Durante a reunião de sexta-feira Cele entregou aos diplomatas dados numéricos de estrangeiros envolvidos em crimes e nacionalidades que praticam certos crimes na África do Sul, mas evitou partilhar a informação com jornalistas.
Os governantes sul-africanos, que na reunião da sexta-feira incluíam o ministro dos Assuntos Internos, recusam liminarmente dizer que os incidentes registados em Durban e em outras zonas da África do Sul são motivados pela xenofobia contra estrangeiros.
Dizem que a Constituição e leis sul-africanos são, oficialmente, contra a xenofobia.
THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL