Estado requalifica CDZ
CDZ – Construído para acolher os X Jogos Africanos (3 a 18 de Setembro de 2011) com perspectiva para posteriormente alavancar o desenvolvimento desportivo nacional, o Complexo Desportivo do Zimpeto (CDZ) virou uma obra “insuportável” para o Estado custear as suas despesas de manutenção.
Em 2014 os custos de manutenção estavam avaliados em 60 milhões de meticais e estima-se que nos dias que correm a verba é ainda maior.
O projecto do complexo só viu executadas as obras do CDZ ou Estádio Nacional do Zimpeto, as Piscinas Olímpicas e sem conclusão o campo anexo para o futebol com pista sintética é usada quer por federados quer por populares.
O piso do campo nem é relvado nem pelado está a “Deus dará” ainda assim é aproveitado para jogos de futebol recreativo (fins-de-semana) e pela Academia do Tico-Tico e Mano (meio da semana)
No plano do projecto ficaram por construir oito quadras de ténis, um pavilhão coberto multiuso para modalidades de salão e outras obras em prol do desenvolvimento desportivo.
Volvidos oito anos, a área reservada às novas construções transformou-se num matagal, sendo abrigo de serpentes e cães vadios e lixeira, enquanto as infra-estruturas feitas mostram sinais de degradação gradual por falta de manutenção regular.
Sem soluções à vista o Estado optou por um “plano B” que passa pela requalificação e gestão empresarial do complexo, cedendo a quem poder investir nos espaços desocupados para que a receia seja aplicada nas infra-estruturas já existentes.
José Pereira de Sousa, uma voz autorizada para falar do maior recinto desportivo nacional disse que o Estado falou, logo de início, por assumir as despesas da manutenção porque, segundo ele, não é com dinheiro do Orçamento Geral do Estado que se pode fazer a manutenção de um complexo como o do CDZ em Zimpeto, porque não há capacidade, tanto que o mesmo Estado tem outras prioridades.
Pereira revelou que a requalificação tem em vista “entregar” a área desocupada para investidores privados de reconhecida musculatura financeira e capacidade de gestão.
“Se fosse, por exemplo uma HCB ou Rio Tinto entre outras firmas como parceiros para investirem com, pelo menos, 500 milhões de dólares/ano certamente que seria uma mais-valia”, observou Pereira.
Devido ao “plano B”, a área então reservada para a construção de campos de ténis vai receber outro tipo de obras e as oito quadras ténis serão construídas num espaço por indicar, numa parceria entre o Fundo de Promoção Desportiva (FPD) o Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM).
Pereira disse ao CM que o perímetro do Complexo devia comportar algumas instituições de negócio, mas, apenas as Bomba da Engen rendem dinheiro. Lembrar que no dia da inauguração deste empreendimento foi anunciado a renda de nove mil dólares/mês.
“A Shoprite está há uns metros dentro do perímetro. No complexo do Estádio Nacional há poucos clientes, sendo de destacar o Instituto Médio de Educação Física (IMEF), Escola Superior de Jornalismo (ESJ), uma agência da Autoridade Tributária (AT) e outros de pequenos serviços para além de espaços para aluguer para festas casamentos e mais”, lamentou José Pereira.
Nem com a esquadra no recinto do estádio, os roubos dentro e na periferia do ENZ são outra grande “dor-de-cabeça” que Pereira anotou.
Muitos compartimentos não têm material eléctrico (tomadas, fusíveis, interruptores e outros) e de canalização. Os ecrãs gigantes não funcionam devido ao roubo de cabos na respectiva sala das máquinas.
Piso do ENZ maltratado
A nossa fonte levantou a ponta do véu para revelar que quem olha para Estádio Nacional do Zimpeto pode imaginar que o seu piso/relvado corresponde a imagem do recinto: puro engano.
Pereira vai mais longe e com algum sentido de humor compara o piso do ENZ ao tratamento que dão um campo de Xipamanine, despido de uma gestão digna dessa designação.
“Em nenhum estádio deste nível, no mundo, faz-se treinos e jogos e às vezes jogos para bater barrigas”, comentou a nossa fonte.
“O aluguer do recinto para jogos custa 30 mil meticais, para treinos são cinco mil meticais. Ora esses valores são de longe insignificantes e em nada ajudam para a manutenção”, prosseguiu o nosso interlocutor.
Sabe-se que o Desportivo de Maputo é o actual usuário do recinto. Treina três vezes por semana (15 mil meticais) e joga duas vezes por mês (60 mil meticais) somando 75 mil/mês, mas irrisório para fazer face as despesas do campo.
DENÍLSON JÚNIOR